DISCOS
Hugo Race + True Spirit
Taoist Priests
· 24 Jun 2006 · 08:00 ·
Hugo Race + True Spirit
Taoist Priests
2006
Glitterhouse / Ananana
Sítios oficiais:
- Glitterhouse
- Ananana
Taoist Priests
2006
Glitterhouse / Ananana
Sítios oficiais:
- Glitterhouse
- Ananana
Hugo Race + True Spirit
Taoist Priests
2006
Glitterhouse / Ananana
Sítios oficiais:
- Glitterhouse
- Ananana
Taoist Priests
2006
Glitterhouse / Ananana
Sítios oficiais:
- Glitterhouse
- Ananana
Designers de talento, uni-vos! Não deve passar impune o flagrante descuido que torna risível o péssimo aspecto gráfico de Taoist Priests, que, à primeira vista, parece uma daquelas compilações de música relaxante que as lojas de produtos biológicos vendem a preço único. Neste caso, ocupou-se a Glitterhouse – casa alemã que não prima certamente pelo aspecto atraente dos seus discos – de empilhar em livrete cinzentão os imaginários da religião Taoista e um indefinido conceito pós-bélico. Ninguém suspeitaria que, além da ilustração baça de um sacerdote taoista, se ocultasse mais um disco de Hugo Race e True Spirit – a mais consistente e produtiva faceta do guitarrista que temporariamente integrou os Bad Seeds em períodos bem estimados entre os seguidores de Nick Cave, o primeiro From Her to Eternity ou o bem mais contemporâneo Murder Ballads. Alguém que apresente este par de credenciais merece desde logo melhor que um booklet suspeito de ter sido amanhado numa tarde perdida entre o Photoshop e as séries vintage que emite o canal Bravo.
Motivos gráficos à parte, Taoist Priests tem para oferecer uma variedade de encruzilhadas musicais – magnéticas e avessas à racionalidade da luz - que surpreenderá quem não estiver a par da eclética carreira que Hugo Race tem vindo a instalar na penumbra do colosso Nick Cave. Aos que partem conscientes de que a aliança Race + True Spirit balanceia-se, por natureza, para os trilhos mais sombrios de uma englobante sonoridade intrinsecamente Western, não deve incomodar o facto de Taoist Priests assumir-se, a cada movimento, como um percurso descendente de redenção com escala obrigatória na tormenta e desolação (elemento que, aqui, absorve tudo como uma ameba). Pode, contudo, parecer estranho que, para a ocasião, seja invocado o mencionado tema taoista. A legitimidade dessa inspiração vai sendo justificada à medida que Race abusa das propriedades mais espiritualmente envolventes da slide guitar e a cada vez que a contenção dos metais os mantém ao nível de um incenso raso. Apesar de desterrado, Taoist Priests conhece bem o seu posicionamento estratosférico.
Conhece, com equivalente sensibilidade, as guinadas de direcção que é obrigado a cumprir para não ser confundido com mais um disco desértico de Mark Lanegan ou um sucedâneo subaproveitado da fonte inesgotável que representa Tom Waits. “Beyond Babylon”, por exemplo, recorre à eficácia subliminar dos sintetizadores para não soar demasiado a hino de engate pronto a unir corações solitários em estações de serviço. Ocasiões há em que parece conseguir o inimaginável e provocar a permuta de dons lendários: como se Quincy Jones passasse a ocupar-se das guitarras e Ry Cooder dê-se uma mãozinha aos teclados Hammond. Nas raras ocasiões em que exibe essa magia, Taoist Priests arranha violentamente a cauda à genialidade. Em todas as outras circunstâncias, passa por um disco mediano agrilhoado a uma aparência repudiante.
Miguel ArsénioMotivos gráficos à parte, Taoist Priests tem para oferecer uma variedade de encruzilhadas musicais – magnéticas e avessas à racionalidade da luz - que surpreenderá quem não estiver a par da eclética carreira que Hugo Race tem vindo a instalar na penumbra do colosso Nick Cave. Aos que partem conscientes de que a aliança Race + True Spirit balanceia-se, por natureza, para os trilhos mais sombrios de uma englobante sonoridade intrinsecamente Western, não deve incomodar o facto de Taoist Priests assumir-se, a cada movimento, como um percurso descendente de redenção com escala obrigatória na tormenta e desolação (elemento que, aqui, absorve tudo como uma ameba). Pode, contudo, parecer estranho que, para a ocasião, seja invocado o mencionado tema taoista. A legitimidade dessa inspiração vai sendo justificada à medida que Race abusa das propriedades mais espiritualmente envolventes da slide guitar e a cada vez que a contenção dos metais os mantém ao nível de um incenso raso. Apesar de desterrado, Taoist Priests conhece bem o seu posicionamento estratosférico.
Conhece, com equivalente sensibilidade, as guinadas de direcção que é obrigado a cumprir para não ser confundido com mais um disco desértico de Mark Lanegan ou um sucedâneo subaproveitado da fonte inesgotável que representa Tom Waits. “Beyond Babylon”, por exemplo, recorre à eficácia subliminar dos sintetizadores para não soar demasiado a hino de engate pronto a unir corações solitários em estações de serviço. Ocasiões há em que parece conseguir o inimaginável e provocar a permuta de dons lendários: como se Quincy Jones passasse a ocupar-se das guitarras e Ry Cooder dê-se uma mãozinha aos teclados Hammond. Nas raras ocasiões em que exibe essa magia, Taoist Priests arranha violentamente a cauda à genialidade. Em todas as outras circunstâncias, passa por um disco mediano agrilhoado a uma aparência repudiante.
migarsenio@yahoo.com
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