DISCOS
Polysics
Now is the Time!
· 13 Jun 2006 · 08:00 ·

Polysics
Now is the Time!
2006
Tired & Lonesome / Ki/oon Record
Sítios oficiais:
- Polysics
- Tired & Lonesome
- Ki/oon Record
Now is the Time!
2006
Tired & Lonesome / Ki/oon Record
Sítios oficiais:
- Polysics
- Tired & Lonesome
- Ki/oon Record

Polysics
Now is the Time!
2006
Tired & Lonesome / Ki/oon Record
Sítios oficiais:
- Polysics
- Tired & Lonesome
- Ki/oon Record
Now is the Time!
2006
Tired & Lonesome / Ki/oon Record
Sítios oficiais:
- Polysics
- Tired & Lonesome
- Ki/oon Record
Em que pontos se tocam a desavergonhada cuteness e a pura violência? Reformulando. Onde se cruzam as bonecas de traje colegial e a usufruição pessoal do cinturão negro em takwendo? A resposta para isso encontra-se em duas ameaças que o Japão desovou em jeito de retaliação face à aculturação que vai sofrendo: Satomi Matsuzaki dos Deerhoof e os Polysics, a versão Mecha-nipónica da entidade subversiva que dá pelo nome de Devo. A primeira repete a banal casualidade de um cão no passeio como um Código Da Vinci a ser decifrado por putos de 5 anos, convence autoritariamente uma multidão a que venha ver um pato como se este representasse um novo Messias das aves, arma sarilhos de grandeza cósmica a cada vez que os bonecos lhe parecem demasiado alinhados. Já os Polysics regem-se por uma urgência aniquiladora que leva a desejar que fossem enclausurados na mesma jaula que os Slipknot – o incendiário best of ditava Polysics or Die! e agora é chegada a altura. Suspeita-se que o momento que o título se poupa de determinar diga respeito ao mais oportuno para electrocutar alvos indiscriminados por meio de sintetizadores trespassantes como o laser e inebriantes tácticas pogo. Nunca, depois disto, alguém abraçará um hipopótamo de peluche sem antes lhe ver a placa dentária.
Sobre a lenda que cultivaram os Devo, sabe-se que era hábito entre as fãs mais desinibidas do colectivo amamentarem devotamente Booji Boy (Mark Mothersbaugh disfarçado de bebé chorão) . Partindo do princípio Burgessiano (autor de Laranja Mecânica) que o leite é combustível da violência, é aceitável que o equivalente materno baralhe os efeitos destrutivos ao líquido e estabeleça um semblante estupidificadamente amigável no rosto dos que consigo transportam violência contida. Os Polysics bebem do mesmo leite que Booji Boy - sendo que, inclusivamente, consta do booklet de Now is the Time! um agradecimento exclusivo dirigido aos Devo. São executantes de violência pacificada pela irrealidade dos desenhos-animados
Surpreende é dar conta de como os paradoxos se fazem sentir na mecânica instrumental de um disco que só à quinta-faixa oferece algum fôlego à sanidade. Até “Wild One”,Now is the Time! é um rastilho caprichosamente imparável que nem o sopro do Super-Homem interromperia. “Coelakanth Is Android” reproduz - num refrão de queixo empinado - o inferno que os sádicos elementos do “Jackass” lançaram ao atacar a noite de Tóquio disfarçados de panda, enquanto que “I My Me Mine” tem linhas de sintetizador capazes de rivalizar com esse momento maior que é “Deceptacon” das Le Tigre e, além disso, uma flauta muito Deerhoof pronta a inverter as situações do zoológico e do pretenso mundo civilizado que o rodeia. Now is the Time exercita a sua fricção a cada vez que derramam sangue sobre a sua arena manga-futurista as duas parcelas em permanente confronto: um mais reconhecível rock frenético (o baixo parece evadido de um bestiário) em esgrima com uma new-wave acelerada ao ponto do absurdo, um inglês monossilábico e rudimentar intercalado com um japonês regado a cafeína. Os duelos procedem-se com a imprevisibilidade de um clássico Godzilla VS. King Ghidorah perspectivado por um psicótico presidiário de Arkham.
O que não mata engorda e o revestimento de melodia espinhada que cobre Now is the Time! desenvolve carapaça nos que o escutam. Entretenimento esse que será como comer pudim de cacto sem recear pelos nervos dos dentes. Este é um daqueles discos que leva a reconsiderar a compaixão pela vida limitada daqueles crocodilos que, nos salões de jogos, saíam da toca só para levar com uma martelada nos dentes e regressar ao ponto inicial. Verdade seja dita - os animais provavelmente habituavam-se a essa sina. Sangrar ao som de Polysics é indolor. Este seu disco será uma das mais imponentes glórias slapstick que por aqui passaram em muito tempo.
Miguel ArsénioSobre a lenda que cultivaram os Devo, sabe-se que era hábito entre as fãs mais desinibidas do colectivo amamentarem devotamente Booji Boy (Mark Mothersbaugh disfarçado de bebé chorão) . Partindo do princípio Burgessiano (autor de Laranja Mecânica) que o leite é combustível da violência, é aceitável que o equivalente materno baralhe os efeitos destrutivos ao líquido e estabeleça um semblante estupidificadamente amigável no rosto dos que consigo transportam violência contida. Os Polysics bebem do mesmo leite que Booji Boy - sendo que, inclusivamente, consta do booklet de Now is the Time! um agradecimento exclusivo dirigido aos Devo. São executantes de violência pacificada pela irrealidade dos desenhos-animados
Surpreende é dar conta de como os paradoxos se fazem sentir na mecânica instrumental de um disco que só à quinta-faixa oferece algum fôlego à sanidade. Até “Wild One”,Now is the Time! é um rastilho caprichosamente imparável que nem o sopro do Super-Homem interromperia. “Coelakanth Is Android” reproduz - num refrão de queixo empinado - o inferno que os sádicos elementos do “Jackass” lançaram ao atacar a noite de Tóquio disfarçados de panda, enquanto que “I My Me Mine” tem linhas de sintetizador capazes de rivalizar com esse momento maior que é “Deceptacon” das Le Tigre e, além disso, uma flauta muito Deerhoof pronta a inverter as situações do zoológico e do pretenso mundo civilizado que o rodeia. Now is the Time exercita a sua fricção a cada vez que derramam sangue sobre a sua arena manga-futurista as duas parcelas em permanente confronto: um mais reconhecível rock frenético (o baixo parece evadido de um bestiário) em esgrima com uma new-wave acelerada ao ponto do absurdo, um inglês monossilábico e rudimentar intercalado com um japonês regado a cafeína. Os duelos procedem-se com a imprevisibilidade de um clássico Godzilla VS. King Ghidorah perspectivado por um psicótico presidiário de Arkham.
O que não mata engorda e o revestimento de melodia espinhada que cobre Now is the Time! desenvolve carapaça nos que o escutam. Entretenimento esse que será como comer pudim de cacto sem recear pelos nervos dos dentes. Este é um daqueles discos que leva a reconsiderar a compaixão pela vida limitada daqueles crocodilos que, nos salões de jogos, saíam da toca só para levar com uma martelada nos dentes e regressar ao ponto inicial. Verdade seja dita - os animais provavelmente habituavam-se a essa sina. Sangrar ao som de Polysics é indolor. Este seu disco será uma das mais imponentes glórias slapstick que por aqui passaram em muito tempo.
migarsenio@yahoo.com
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