DISCOS
Honeyhander
Woolly Mannerisms EP
· 11 Nov 2005 · 08:00 ·

Honeyhander
Woolly Mannerisms EP
2005
Strictly Amateur Films
Sítios oficiais:
- Honeyhander
- Strictly Amateur Films
Woolly Mannerisms EP
2005
Strictly Amateur Films
Sítios oficiais:
- Honeyhander
- Strictly Amateur Films

Honeyhander
Woolly Mannerisms EP
2005
Strictly Amateur Films
Sítios oficiais:
- Honeyhander
- Strictly Amateur Films
Woolly Mannerisms EP
2005
Strictly Amateur Films
Sítios oficiais:
- Honeyhander
- Strictly Amateur Films
Existe uma ambição doentia além do olhar esbugalhado de Tom Cruise perante a implacabilidade dos colossos extraterrestres que, em A Guerra dos Mundos, transformam as grandes metrópoles em pó. A propósito da posição que o filme assumiria na escala qualitativa de Spielberg, os seus defensores argumentavam que nunca o realizador tinha explorado uma visão tão abertamente negra como aquela representada no ataque indiscriminado da ameaça sem rosto. A Guerra dos Mundos era, afinal, favorável ao consumo alarve de pipocas e flagrantemente pretensioso sem enredo que servisse de antÃdoto a isso. Os Honeyhander – rapaziada oriunda de Providence (que alguns dizem ser o equivalente a Twin Peaks em Rhode Island) – podem até converter um punhado de católicos aos prazeres do cabedal (com a atitude rockeira de quem cospe no prato que come), mas apenas um milagre impediria o seu potencial Ãnfimo de cair em saco roto. Tal como não acredito que um anão seja capaz de salvar o mundo, custa a crer que haja longa duração que livre estes Honeyhander da cepa que este primeiro EP trata de entortar.
Ainda assim, a imperfeição é sexy quando serve de recheio a um rebuçado de mel. Os Honeyhander percorrem a mais sinuosa das rotas para atingirem o que Britney Spears só almejava com o roçar da ponta de um pé na coxa oposta (no teledisco de Oops!...I Did It Again!): despertar nas mentes uma faÃsca de libido que possa resultar numa procriação frenética que é comum associar aos coelhinhos. Em dezasseis minutos apenas, os Honeyhander propõem, em formato bruto, alternativas a estimulantes bem mais populares. Generosas alas, por favor, para receber a infinita distorção toldada a partir dos ensinamentos dos Jesus And Mary Chain e o culto da imundice de acordo com as escrituras heréticas dos Jesus Lizard. As paredes pintadas ganham humidade à medida que os Honeyhander saturam o seu som com a diversidade industrial que fez dos My Life With The Thrill Kill Kult uma instituição à escala de Chicago (a confirmar com o visionamento de O Corvo). As referências são as mais apropriadas ao caso. Porém, é lamentável que, conjugadas em Wooly Mannerisms, evidenciem o mesmo ar enfadonho de uma fila de espera sob sol impiedoso.
Nem o intrigante grafismo (a cargo da Chemistry Designs) impossibilita o EP de constituir um pequeno desastre no que a definição de identidade diz respeito. A noção que impera é a de que alguém se anda a divertir muito com a cacofonia, e mais ainda em torná-la impenetrável. Podia ter-se ficado este teaser pela conspiração das edições de autor. Até porque para convidar a maus hábitos (e alertar para os seus danos), temos por cá corações felpudos bem mais interessantes que estes maneirismos lanosos.
A cada um cabe decidir optar ou não pelo mergulho na espessura mórbida dos Honeyhander. O mel que daqui transborda é segregado a partir de uma colmeia rosada e termina espalhado sobre o gloss dos lábios da Paris Hilton (a quem orei antes de me empenhar nesta resenha). E da pin-up do momento espera-se o inesperado, mesmo que tal incógnita permaneça ameaçada pela superficialidade que o desmaquilhante nunca perdoa.
Miguel ArsénioAinda assim, a imperfeição é sexy quando serve de recheio a um rebuçado de mel. Os Honeyhander percorrem a mais sinuosa das rotas para atingirem o que Britney Spears só almejava com o roçar da ponta de um pé na coxa oposta (no teledisco de Oops!...I Did It Again!): despertar nas mentes uma faÃsca de libido que possa resultar numa procriação frenética que é comum associar aos coelhinhos. Em dezasseis minutos apenas, os Honeyhander propõem, em formato bruto, alternativas a estimulantes bem mais populares. Generosas alas, por favor, para receber a infinita distorção toldada a partir dos ensinamentos dos Jesus And Mary Chain e o culto da imundice de acordo com as escrituras heréticas dos Jesus Lizard. As paredes pintadas ganham humidade à medida que os Honeyhander saturam o seu som com a diversidade industrial que fez dos My Life With The Thrill Kill Kult uma instituição à escala de Chicago (a confirmar com o visionamento de O Corvo). As referências são as mais apropriadas ao caso. Porém, é lamentável que, conjugadas em Wooly Mannerisms, evidenciem o mesmo ar enfadonho de uma fila de espera sob sol impiedoso.
Nem o intrigante grafismo (a cargo da Chemistry Designs) impossibilita o EP de constituir um pequeno desastre no que a definição de identidade diz respeito. A noção que impera é a de que alguém se anda a divertir muito com a cacofonia, e mais ainda em torná-la impenetrável. Podia ter-se ficado este teaser pela conspiração das edições de autor. Até porque para convidar a maus hábitos (e alertar para os seus danos), temos por cá corações felpudos bem mais interessantes que estes maneirismos lanosos.
A cada um cabe decidir optar ou não pelo mergulho na espessura mórbida dos Honeyhander. O mel que daqui transborda é segregado a partir de uma colmeia rosada e termina espalhado sobre o gloss dos lábios da Paris Hilton (a quem orei antes de me empenhar nesta resenha). E da pin-up do momento espera-se o inesperado, mesmo que tal incógnita permaneça ameaçada pela superficialidade que o desmaquilhante nunca perdoa.
migarsenio@yahoo.com
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