DISCOS
Pearl Jam
Riot Act
· 06 Set 2005 · 08:00 ·
Pearl Jam
Riot Act
2002
Epic
Sítios oficiais:
- Pearl Jam
- Epic
Riot Act
2002
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Riot Act
2002
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Riot Act
2002
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Lançado em Outubro de 2002, Riot Act é o sétimo álbum da carreira dos Pearl Jam, sucedendo a Binaural, publicado em Maio de 2000. Esta afirmação poderia constituir uma mera banalidade, não tivesse sido o período entre os dois álbuns tão marcante em termos de acontecimentos relevantes para o grupo do vocalista Eddie Vedder. A 30 de Junho de 2000, na digressão europeia de Binaural, nove pessoas morrem durante a actuação da banda no festival de Roskilde, na Dinamarca, algo que marcou profundamente os seus elementos, que desde sempre dedicaram especial atenção aos fãs hardcore, para os quais eram reservados, sempre que possível, lugares nas primeiras filas dos concertos. Ainda em 2000, no final do ano, após um atribulado processo eleitoral, o republicano George W. Bush é eleito presidente dos E.U.A. Vedder tinha apoiado o candidato dos Verdes, Ralph Nader, uma espécie de terceira via vista como esquerdista pela maior parte dos americanos. E, como é óbvio, o 11 de Setembro de 2001 também não passou ao lado...
Como resultado destas experiências, Riot Act surge introspectivo e crítico, formando porém um conjunto de canções sólido e coerente. O primeiro single, "I Am Mine", não é decerto a música mais representativa, nem a mais forte, mas é esforçada, com a banda a retirar o máximo de uma estrutura bastante simples. Contém, no entanto, alguns dos melhores versos do álbum, como o emblemático: “I know I was born and I know that I’ll die / the in-between is mine”.
Mas comecemos pelo início. "Can’t Keep" é a melhor faixa de abertura da banda desde "Last Exit", de Vitalogy, tudo graças a uma estrutura rítmica de altos e baixos. Segue-se "Save You", a música mais “rasgada”, que tem por base um dos melhores riffs de sempre da banda, o que já não é dizer pouco. "Love Boat Captain" é uma balada complexa, em que a referência a Roskilde é evidente (“...nine friends we’ll never know...”) e em que se citam os Beatles como a solução para tudo: “All you need is love.”
Riot Act assenta ainda em canções mais experimentais do que era usual por parte dos Pearl Jam, que até convidaram um sexto músico, Boom Gaspar, amigo hawaiano de Vedder, para o órgão, agora um instrumento comum nas suas composições. Nos destaques experimentais encontram-se "You Are", em que as guitarras aparecem carregadas de estranhos efeitos, "Help Help", talvez a mais densa música do álbum - que soa curiosamente a...Radiohead - e ainda "Bushleaguer", uma crítica directa ao presidente americano, em que o vocalista recita durante grande parte da canção, usando irónicos jogos de palavras.
Mas também não faltam as músicas mais marcadamente rock, baseadas no som das guitarras e na simplicidade: disso são exemplos "Cropduster", "Ghost" ou "Get Right". Destaque ainda para a belíssima balada de fecho, "All or None", que faz lembrar "Indifference", de Vs., e que prova que do género “baladeiro” ainda podem sair músicas que não sejam enjoativas.
Não obstante o espaço que é necessariamente dado às guitarras, o grande destaque vai para a secção rítmica. O baixo de Jeff Ament tem o maior destaque de sempre na discografia dos “sobreviventes do grunge” e, tal como tinha sido prometido previamente, as capacidades de Matt Cameron, um dos grandes bateristas do rock actual, são muito mais aproveitadas do que em Binaural. E o ex-Soundgarden aproveita para dar largas à sua criatividade, alternando entre a precisão militar e um estilo jazzístico. Riot Act está longe de estar imaculado, já que por vezes a banda parece ter medo de ser “épica” como no passado e as letras de Vedder parecem frequentemente muito simplistas. O disco é obrigatório nas prateleiras dos fãs e dos apreciadores daquilo que se pode etiquetar como "adult rock", até por ser a espaços… demasiado adulto (leia-se chato). Mas que bom seria que as rádios rock espalhadas por esse mundo ocidental substituíssem produtos como os Nickelback e os Puddle of Mudd pela dose de maturidade que é Riot Act.
João Pedro BarrosComo resultado destas experiências, Riot Act surge introspectivo e crítico, formando porém um conjunto de canções sólido e coerente. O primeiro single, "I Am Mine", não é decerto a música mais representativa, nem a mais forte, mas é esforçada, com a banda a retirar o máximo de uma estrutura bastante simples. Contém, no entanto, alguns dos melhores versos do álbum, como o emblemático: “I know I was born and I know that I’ll die / the in-between is mine”.
Mas comecemos pelo início. "Can’t Keep" é a melhor faixa de abertura da banda desde "Last Exit", de Vitalogy, tudo graças a uma estrutura rítmica de altos e baixos. Segue-se "Save You", a música mais “rasgada”, que tem por base um dos melhores riffs de sempre da banda, o que já não é dizer pouco. "Love Boat Captain" é uma balada complexa, em que a referência a Roskilde é evidente (“...nine friends we’ll never know...”) e em que se citam os Beatles como a solução para tudo: “All you need is love.”
Riot Act assenta ainda em canções mais experimentais do que era usual por parte dos Pearl Jam, que até convidaram um sexto músico, Boom Gaspar, amigo hawaiano de Vedder, para o órgão, agora um instrumento comum nas suas composições. Nos destaques experimentais encontram-se "You Are", em que as guitarras aparecem carregadas de estranhos efeitos, "Help Help", talvez a mais densa música do álbum - que soa curiosamente a...Radiohead - e ainda "Bushleaguer", uma crítica directa ao presidente americano, em que o vocalista recita durante grande parte da canção, usando irónicos jogos de palavras.
Mas também não faltam as músicas mais marcadamente rock, baseadas no som das guitarras e na simplicidade: disso são exemplos "Cropduster", "Ghost" ou "Get Right". Destaque ainda para a belíssima balada de fecho, "All or None", que faz lembrar "Indifference", de Vs., e que prova que do género “baladeiro” ainda podem sair músicas que não sejam enjoativas.
Não obstante o espaço que é necessariamente dado às guitarras, o grande destaque vai para a secção rítmica. O baixo de Jeff Ament tem o maior destaque de sempre na discografia dos “sobreviventes do grunge” e, tal como tinha sido prometido previamente, as capacidades de Matt Cameron, um dos grandes bateristas do rock actual, são muito mais aproveitadas do que em Binaural. E o ex-Soundgarden aproveita para dar largas à sua criatividade, alternando entre a precisão militar e um estilo jazzístico. Riot Act está longe de estar imaculado, já que por vezes a banda parece ter medo de ser “épica” como no passado e as letras de Vedder parecem frequentemente muito simplistas. O disco é obrigatório nas prateleiras dos fãs e dos apreciadores daquilo que se pode etiquetar como "adult rock", até por ser a espaços… demasiado adulto (leia-se chato). Mas que bom seria que as rádios rock espalhadas por esse mundo ocidental substituíssem produtos como os Nickelback e os Puddle of Mudd pela dose de maturidade que é Riot Act.
joaopedrobarros@bodyspace.net
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