DISCOS
The Sunburned Hand of the Man
No Magic Man
· 22 Ago 2005 · 08:00 ·
The Sunburned Hand of the Man
No Magic Man
2004
Bastet
Sítios oficiais:
- The Sunburned Hand of the Man
- Bastet
No Magic Man
2004
Bastet
Sítios oficiais:
- The Sunburned Hand of the Man
- Bastet
The Sunburned Hand of the Man
No Magic Man
2004
Bastet
Sítios oficiais:
- The Sunburned Hand of the Man
- Bastet
No Magic Man
2004
Bastet
Sítios oficiais:
- The Sunburned Hand of the Man
- Bastet
Depois da essencial compilação The Golden Apples of the Sun, cuidadosamente e inteligentemente “dirigida” por Devendra Banhart (onde se reuniram alguns dos nomes mais interessantes da folk e parentes próximos), de The Libations of Samhain dos Sunn O))) e de uma compilação dedicada ao Million Tongues Festival, a etiqueta Bastet (ligada à Arthur Magazine) serviu de ninho para mais uma aventura dos The Sunburned Hand of the Man – mas o número cinco, Bread, Beard & Bear's Prayers da autoria de Ethan Miller dos Comets on Fire, já circula por aí. Embora devesse já dispensar grandes apresentações, não virá nenhum mal ao mundo se disser que os Sunburned Hand of the Man são um colectivo oriundo de Boston responsável por discos como Rare Wood, Jaybird ou o fantástico Headdress, entre mais de vinte lançamentos editados desde 1997 (o primeiro lançamento foi Mind of a Brother). E o que apetece dizer é que o mais certo é que estejam a gravar outro novo disco neste preciso momento, até porque depois, entre No Magic Man e os dias de hoje, já saíram alguns.
No início do disco (algo épico, a fazer lembrar os cânticos dos monges), uma voz cava levanta-se da sepultura para se declarar “father of fathers, the mother of mothers” e para tecer comentários àqueles que estão prontos a ouvir o que tem para dizer. E logo aí se percebe que os monólogos ou os diálogos ameaçam fazer parte deste disco. Ameaçam e cumprem. “The 1st degree” desenrola-se inicialmente em regime de jam, construindo-se através da repetição de estruturas (encadeadas em forma de loop) e onde se deposita os sons de uma flauta, percussão e outros ruídos. Mas depressa tudo se altera, e quando damos pelos Sunburned já eles estão a cumprir uma espécie de ritual canibalista, com berros à mistura. É que além da imprevisibilidade de disco para disco, o colectivo insiste em metamorfosear-se como quem troca de camisa. “The Air Itself” funciona em modo spoken word, enquanto se engendra banda sonora lá ao fundo. “No Magic Man”, a faixa que dá nome ao disco, é uma imensa jam de mais de catorze minutos onde teclados manhosos em círculos convivem com percussão, guitarras, vozes que ensaiam cânticos numa trip pouco inocente. No final, parece que todos se perderam no caminho e se esqueceram do propósito inicial, mas desculpa-se pelo caminho longo.
“Yer Own Eyes & the Number None” tem aspecto de working song, como se escravos trabalhassem no ferro enquanto um disco pouco conhecido servisse de incitamento para uma revolta há muito desejada. Mais teclados, baixo e um final em que se mistura tudo e mais alguma coisa numa salgalhada saudável e recomendável. E depois tudo termina com o psicadelismo, com a alienação, com o sabe-se lá mais o quê que é “Gather Round”, tema onde guitarras gemem, onde se canta em jeito de blues, onde se faz funk, onde a percussão dita as leis e conduz os desvarios. O esmigalhar final e a respiração ofegante que fecham o disco – só falta o fumo branco para anunciar o fim da façanha – são apenas alguns dos sinais de dever cumprido. No Magic Man é mais um para o altar sagrado dos melhores discos dos Sunburned Hand of the Man.
André GomesNo início do disco (algo épico, a fazer lembrar os cânticos dos monges), uma voz cava levanta-se da sepultura para se declarar “father of fathers, the mother of mothers” e para tecer comentários àqueles que estão prontos a ouvir o que tem para dizer. E logo aí se percebe que os monólogos ou os diálogos ameaçam fazer parte deste disco. Ameaçam e cumprem. “The 1st degree” desenrola-se inicialmente em regime de jam, construindo-se através da repetição de estruturas (encadeadas em forma de loop) e onde se deposita os sons de uma flauta, percussão e outros ruídos. Mas depressa tudo se altera, e quando damos pelos Sunburned já eles estão a cumprir uma espécie de ritual canibalista, com berros à mistura. É que além da imprevisibilidade de disco para disco, o colectivo insiste em metamorfosear-se como quem troca de camisa. “The Air Itself” funciona em modo spoken word, enquanto se engendra banda sonora lá ao fundo. “No Magic Man”, a faixa que dá nome ao disco, é uma imensa jam de mais de catorze minutos onde teclados manhosos em círculos convivem com percussão, guitarras, vozes que ensaiam cânticos numa trip pouco inocente. No final, parece que todos se perderam no caminho e se esqueceram do propósito inicial, mas desculpa-se pelo caminho longo.
“Yer Own Eyes & the Number None” tem aspecto de working song, como se escravos trabalhassem no ferro enquanto um disco pouco conhecido servisse de incitamento para uma revolta há muito desejada. Mais teclados, baixo e um final em que se mistura tudo e mais alguma coisa numa salgalhada saudável e recomendável. E depois tudo termina com o psicadelismo, com a alienação, com o sabe-se lá mais o quê que é “Gather Round”, tema onde guitarras gemem, onde se canta em jeito de blues, onde se faz funk, onde a percussão dita as leis e conduz os desvarios. O esmigalhar final e a respiração ofegante que fecham o disco – só falta o fumo branco para anunciar o fim da façanha – são apenas alguns dos sinais de dever cumprido. No Magic Man é mais um para o altar sagrado dos melhores discos dos Sunburned Hand of the Man.
andregomes@bodyspace.net
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