DISCOS
Buried Inside
Chronoclast
· 18 Jan 2005 · 08:00 ·
Buried Inside
Chronoclast
2005
Relapse
Sítios oficiais:
- Buried Inside
- Relapse
Chronoclast
2005
Relapse
Sítios oficiais:
- Buried Inside
- Relapse
Buried Inside
Chronoclast
2005
Relapse
Sítios oficiais:
- Buried Inside
- Relapse
Chronoclast
2005
Relapse
Sítios oficiais:
- Buried Inside
- Relapse
O metal tem uma nova dinastia. O pesadelo nu-metal pertence ao passado. O fato-de-treino Adidas já seguiu para Entrudo e chegou agora o momento de aplicar a violência do screamo (ramificação do hardcore) ao carácter épico do rock progressivo de 70. O momento pertence aos discos maiores que a vida concebidos em torno da morte. Geralmente, cabe à repugnância pigmentar de negro o sangue que corre na guelra desta rapaziada que cresceu a idolatrar bandas como Iron Maiden ou Slayer. Sim, já sabemos que os Isis gozam de um considerável avanço (a margem de evolução de disco para disco é, de facto, enorme) sobre o pelotão que lhes antecede, mas fique-se a saber que os Coalesce já possuÃam há muito esta fórmula (ainda que no seu formato condensado) e ninguém deu muito por isso.
"O Tempo não pára." - dizia o Juca Pirama, sem fazer ideia de que a sua frase serviria perfeitamente como slogan para este Chronoclast. Convictos da profundidade literária do seu primeiro disco lançado pela Relapse, os canadianos Buried Inside atravessem-se mesmo a atribuir-lhe um subtÃtulo tão arrojado quanto:"Selected Essays on Time-Reckoning and Auto-Cannibalism." Servindo de base conceptual ao disco, o Tempo conhece múltiplas avaliações (como ideologia, metodologia, automatismo, comodidade, entre outras). Por sua vez, creio que o auto-canibalismo esteja associado ao facto de praticamente todas as faixas recuperarem um pouco das suas congéneres - "Time as Automation" é praticamente igual à introdução de "Time as Methodology". Concluindo, o canibalismo bem poderia ter sido banido.
Reconheça-se aos Buried Inside uma virtude pelo menos: a magnificência com que formam ambientes propÃcios à concepção de imagens. Meninos, eu vi (mais uma vez o Juca Pirama) o lobisomem que se rompe lágrimas quando volta à forma humana, uma versão mais "gore" das sequências mais violentas d'Os Piratas das CaraÃbas, o rosto de Reesee Witherspoon (tal como a conhecemos em Eleições) a esvair-se em rios de sangue. Chronoclast é música de mausoléu assombrado pelo Tempo.
É de lamentar que a pertinência musical dos Buried Inside não esteja à altura da ambição do conceito a que se propõe o disco. O Tempo - como temática - exige por si só um tratamento que faça jus à sua dimensão, e isso acontece nos imperiosos crescendos e desoladores decrescendos(Mogwai em noite de Halloween), que conhecem apropriada continuidade nas introduções que chegam a afectar o estômago (aqui acumulam pontos a favor) com a sua força. Porém, não há como ilibar os Buried Inside do crime que cometem ao explorar o núcleo das suas músicas através dos intervenientes protocolares: vocalizações rÃspidas, as guitarras que cobrem o céu como nuvens negras e a combinação rÃtmica que confere a carga dramática. Tudo isto poderia até surtir o efeito demolidor que se exige aos discos do género, não fosse a maioria das faixas causar a impressão de que a criatividade e matemático equilÃbrio de componentes vão a enterrar a cada vez que as vocalizações entram em cena. Pois por mais que se adeqúem ao registo (Nicholas Shaw é, pelo menos, capaz), as vocalizações surgem sempre como excesso e conferem alguma amorfia a determinados picos de peso.
Fica a ideia de que a côdea deste pão que o Diabo amassou é bem mais saborosa que o miolo. O assunto fica enterrado.
Miguel Arsénio"O Tempo não pára." - dizia o Juca Pirama, sem fazer ideia de que a sua frase serviria perfeitamente como slogan para este Chronoclast. Convictos da profundidade literária do seu primeiro disco lançado pela Relapse, os canadianos Buried Inside atravessem-se mesmo a atribuir-lhe um subtÃtulo tão arrojado quanto:"Selected Essays on Time-Reckoning and Auto-Cannibalism." Servindo de base conceptual ao disco, o Tempo conhece múltiplas avaliações (como ideologia, metodologia, automatismo, comodidade, entre outras). Por sua vez, creio que o auto-canibalismo esteja associado ao facto de praticamente todas as faixas recuperarem um pouco das suas congéneres - "Time as Automation" é praticamente igual à introdução de "Time as Methodology". Concluindo, o canibalismo bem poderia ter sido banido.
Reconheça-se aos Buried Inside uma virtude pelo menos: a magnificência com que formam ambientes propÃcios à concepção de imagens. Meninos, eu vi (mais uma vez o Juca Pirama) o lobisomem que se rompe lágrimas quando volta à forma humana, uma versão mais "gore" das sequências mais violentas d'Os Piratas das CaraÃbas, o rosto de Reesee Witherspoon (tal como a conhecemos em Eleições) a esvair-se em rios de sangue. Chronoclast é música de mausoléu assombrado pelo Tempo.
É de lamentar que a pertinência musical dos Buried Inside não esteja à altura da ambição do conceito a que se propõe o disco. O Tempo - como temática - exige por si só um tratamento que faça jus à sua dimensão, e isso acontece nos imperiosos crescendos e desoladores decrescendos(Mogwai em noite de Halloween), que conhecem apropriada continuidade nas introduções que chegam a afectar o estômago (aqui acumulam pontos a favor) com a sua força. Porém, não há como ilibar os Buried Inside do crime que cometem ao explorar o núcleo das suas músicas através dos intervenientes protocolares: vocalizações rÃspidas, as guitarras que cobrem o céu como nuvens negras e a combinação rÃtmica que confere a carga dramática. Tudo isto poderia até surtir o efeito demolidor que se exige aos discos do género, não fosse a maioria das faixas causar a impressão de que a criatividade e matemático equilÃbrio de componentes vão a enterrar a cada vez que as vocalizações entram em cena. Pois por mais que se adeqúem ao registo (Nicholas Shaw é, pelo menos, capaz), as vocalizações surgem sempre como excesso e conferem alguma amorfia a determinados picos de peso.
Fica a ideia de que a côdea deste pão que o Diabo amassou é bem mais saborosa que o miolo. O assunto fica enterrado.
migarsenio@yahoo.com
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