DISCOS
Dillinger Escape Plan
Miss Machine
· 29 Ago 2004 · 08:00 ·
Dillinger Escape Plan
Miss Machine
2004
Relapse
Sítios oficiais:
- Dillinger Escape Plan
- Relapse
Miss Machine
2004
Relapse
Sítios oficiais:
- Dillinger Escape Plan
- Relapse
Dillinger Escape Plan
Miss Machine
2004
Relapse
Sítios oficiais:
- Dillinger Escape Plan
- Relapse
Miss Machine
2004
Relapse
Sítios oficiais:
- Dillinger Escape Plan
- Relapse
Os dias do easy-listening estão contados. Espécies comuns como os Sugar Ray e Blink 182 enfrentarão a extinção num futuro próximo. A solarenga paisagem musical californiana deixará de existir. A nova era atómica será recebida por todos com um sorriso sádico. A livre circulação do mp3 levará à implosão da indústria tradicional, o VH1:Behind the Music passará a ser diário informativo e as criancinhas não serão mais obrigadas a exporem-se a tóxicos como as rádios comerciais. Os sobreviventes serão escassos: Tom Waits, Madonna e os Dillinger Escape Plan.
Os Dillinger Escape Plan são o oitavo passageiro da nave espacial que transporta os talentos do underground norte-americano por entre um aparatoso percurso de obstáculos mais ou menos ultrapassáveis: o quase inexistente airplay que limita a exposição deste tipo de bandas e a abundância de subprodutos que visam servir de substituto equivalente ao material genuÃno. Genuinidade é o que não falta aos D.E.P., ou, de outro modo, seria pouco provável que Mike Patton tivesse aceite colaborar com o colectivo no surpreendente EP Irony is a dead scene. Candeia que vai à frente alumia duas vezes, e não restem dúvidas de que Miss Machine representa um passo de gigante no processo de maturação que a banda trilha com evidente naturalidade. Calculating Infinity era apenas a larva que havia de se transformar nesta mefistofélica borboleta que a cada bater de asas solta um diferente acorde percorrido a meio-sufoco.
Miss Machine desafia convenções, ensaia improváveis soluções e enceta uma corajosa demanda por texturas (caso da electrónica cada vez mais presente) pouco familiares a este tipo de sonoridade. É certo que os Dillinger Escape Plan estão mais melódicos ("Unretrofied" chega a assustar), mas não me parece que almejem a ter um oceano de isqueiros acesos em resposta a qualquer uma das suas músicas. É bem mais provável que continuem a deixar os mais desprevenidos boquiabertos com as suas frenéticas prestações (à semelhança do que aconteceu quando abriram concertos para os System of a Down ou recentemente no Ermal). A essência hardcore de Miss Machine ferve até acabar por ceder aos seus instintos piromanÃacos devidamente delimitados pela precisão do prog. A matemática dos Dillinger é simples: hardcore + peso q.b. x prog (ou ÷ prog) = exemplar demonstração de como manobrar a brutalidade.
Tal como a colagem presente na capa demonstra, o novo álbum dos D.E.P. resulta como unidade e não como aglomerado de fracções pendentes. Os atractivos adequam-se a todas as expectativas e saciam os mais sedentos de peso. Seja a demência frenética de "Sunshine the werewolf" que termina contorcida numa morte dolorosa sob pano de fundo épico, o quase -Nine Inch Nails ambiente industrial de "Phone Home" ou o irreversÃvel último prego no caixão que é "The perfect design". O passado recente dos Dillinger Escape Plan podia afastar alguns ouvidos mais susceptÃveis. Nada a temer, já que todas as novas deixas são comparativamente mais acessÃveis, mas nem por isso menos complexas (as mutações sofridas pelas músicas permanecem constantes) ou "atrevidas".
Tendo em conta que os D.E.P. fizeram escola da caótica filosofia que leccionam, Miss Machine corresponde a uma honrosa tese de mestrado. Ou muito me engano, ou o doutoramento que há-de vir transformará para sempre a face do metal norte-americano. É dos mais inesquecÃveis lançamentos do presente ano nem que seja por ter equivalente impacto a tão marcante momento como aquele em que, pela primeira vez, descobrimos malÃcia no olhar mais fascinante que conhecemos.
Miguel ArsénioOs Dillinger Escape Plan são o oitavo passageiro da nave espacial que transporta os talentos do underground norte-americano por entre um aparatoso percurso de obstáculos mais ou menos ultrapassáveis: o quase inexistente airplay que limita a exposição deste tipo de bandas e a abundância de subprodutos que visam servir de substituto equivalente ao material genuÃno. Genuinidade é o que não falta aos D.E.P., ou, de outro modo, seria pouco provável que Mike Patton tivesse aceite colaborar com o colectivo no surpreendente EP Irony is a dead scene. Candeia que vai à frente alumia duas vezes, e não restem dúvidas de que Miss Machine representa um passo de gigante no processo de maturação que a banda trilha com evidente naturalidade. Calculating Infinity era apenas a larva que havia de se transformar nesta mefistofélica borboleta que a cada bater de asas solta um diferente acorde percorrido a meio-sufoco.
Miss Machine desafia convenções, ensaia improváveis soluções e enceta uma corajosa demanda por texturas (caso da electrónica cada vez mais presente) pouco familiares a este tipo de sonoridade. É certo que os Dillinger Escape Plan estão mais melódicos ("Unretrofied" chega a assustar), mas não me parece que almejem a ter um oceano de isqueiros acesos em resposta a qualquer uma das suas músicas. É bem mais provável que continuem a deixar os mais desprevenidos boquiabertos com as suas frenéticas prestações (à semelhança do que aconteceu quando abriram concertos para os System of a Down ou recentemente no Ermal). A essência hardcore de Miss Machine ferve até acabar por ceder aos seus instintos piromanÃacos devidamente delimitados pela precisão do prog. A matemática dos Dillinger é simples: hardcore + peso q.b. x prog (ou ÷ prog) = exemplar demonstração de como manobrar a brutalidade.
Tal como a colagem presente na capa demonstra, o novo álbum dos D.E.P. resulta como unidade e não como aglomerado de fracções pendentes. Os atractivos adequam-se a todas as expectativas e saciam os mais sedentos de peso. Seja a demência frenética de "Sunshine the werewolf" que termina contorcida numa morte dolorosa sob pano de fundo épico, o quase -Nine Inch Nails ambiente industrial de "Phone Home" ou o irreversÃvel último prego no caixão que é "The perfect design". O passado recente dos Dillinger Escape Plan podia afastar alguns ouvidos mais susceptÃveis. Nada a temer, já que todas as novas deixas são comparativamente mais acessÃveis, mas nem por isso menos complexas (as mutações sofridas pelas músicas permanecem constantes) ou "atrevidas".
Tendo em conta que os D.E.P. fizeram escola da caótica filosofia que leccionam, Miss Machine corresponde a uma honrosa tese de mestrado. Ou muito me engano, ou o doutoramento que há-de vir transformará para sempre a face do metal norte-americano. É dos mais inesquecÃveis lançamentos do presente ano nem que seja por ter equivalente impacto a tão marcante momento como aquele em que, pela primeira vez, descobrimos malÃcia no olhar mais fascinante que conhecemos.
migarsenio@yahoo.com
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