Talvez um dia as máquinas se coloquem acima dos humanos, lançando a primeira pedra - ou peça de metal - rumo à extinção da raça. Talvez já estejam acima dos humanos, tal a nossa dependência em relação aos seus feitios. Talvez ganhem consciência e se tornem genocidas ou santas, porque nunca ninguém imagina uma máquina santa. Ou talvez nunca o venham a fazer, condenadas para sempre a ser meros objectos auxiliares à nossa evolução.

Existindo todas estas possibilidades e variantes, não é fácil adivinhar qual será de facto o som musical produzido por uma máquina inteligente. Pelo que parece um cliché dizer ou pensar ou mostrar que, no futuro, todos os robôs dançarão techno industrial banal. À semelhança do que faz Hirotika, auto-proclamado anarquista japonês que se calhar deve visto demasiados episódios do Ghost In The Shell.

Felizmente, este split a que se deu o nome de "som das máquinas" melhora quando entra em cena o português bravo que responde pelo nome de Das Monstrvm, e que ao techno junta mais qualquer coisa vinda de outras paragens electrónicas, como o acid presente em "The Rise Of The Machines", atrevendo-se ainda a contar uma história a partir de cada título. Tudo certo. Só é pena a ideia pré-concebida de que as máquinas curtem raves. Quase que se apostaria que preferem folk choninhas.