É um velho truque dos DJs: de repente, o ritmo arrefece, só para começar a sua cavalgada triunfante pouco depois, em crescendo, rebentando de vez no calor da batalha - ou da pista, suada e psicotrópica, repleta de gente com os braços no ar e os sorrisos na cara e as bebidas na mão e os preservativos dentro da carteira. Bem feito, é capaz de transformar um amorfo; mal feito - ou repetido ad nauseam é só aborrecido e sinal de preguiça.

É um pouco isto o que se passa com Voltage, o novo EP de AIROD, nome de nascimento Dario Brkic e local de residência a Paris do toque francês. O que se escuta aqui é techno duro, polvilhado com acid, sem grandes rodeios ou espaço para respirar. O objectivo parece ser o de manter activo o supracitado momento por uma eternidade, numa espécie de Groundhog Day versão rave.

O que não significa que seja mau - apenas mata o entusiasmo. Ou talvez devamos encarar Voltage não como um EP, mas como uma rodela onde couberam quatro faixas que mais tarde farão as delícias dos frequentadores de clubes por esse mundo fora. Deixar de olhar para o bolo no seu todo e passar a comentar apenas as fatias. Até porque essa primeira premissa é rockeira e démodé.