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Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
· 15 Out 2018 · 10:50 ·
Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
2018
Smalltown Supersound


Sítios oficiais:
- Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
- Smalltown Supersound
Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
2018
Smalltown Supersound


Sítios oficiais:
- Bugge Wesseltoft & Prins Thomas
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Honestamente? Era uma curiosidade musical minha neste ano de 2018. O que adviria da colaboração entre Wesseltoft e Thomas? O primeiro, o obreiro da filosofia O Novo Conceito De Jazz, o debutante documento a datar de 1997, seguindo-se mais dois (Sharing e Moving), e um último, 2003, em formato live – arrebatador como tese final –, fez da sua existência prioridade a fusão do jazz com a música electrónica – o techno, a house, o ambient; das minudências da programação à magia dos turntables. Jazz para uma nova era. Inteligente sem ser cerebral.

Desde que surgiu no radar do melómano ao lado de Lindstrøm em 2005 com o incrível Lindstrøm & Prins Thomas (I), e em 2009 com II, ambos terem firmado de vez o novo disco-sound, imersivo, espiritual, kosmische, de mãos dadas com o rock progressivo, Prins Thomas, apesar dos altos e baixos criativos a solo – e a fasquia jamais se ter aproximado da mediocridade –, nunca se fartou do ideal disco, mas também não se fez dele refém. Principe del Norte de 2016, mostrou como bem soa quando manda às urtigas o lampejo que o disco por vezes exige.

Ter agora Bugge Wesseltoft e Prins Thomas juntos é um lembrete do que ainda se vai tentando lá por cima, bem a norte: encontrar soluções que provoquem desejos de transcendência. Com este disco, em cinco enunciados, a dupla norueguesa arrepia caminho e faz um disco essencialmente jazz, aqui e ali em ambiências cinematográficas, ainda assomadas reminiscências disco-prog-kraut. E tudo assenta à primeira, bonito – porque nos deixamos ir. Contudo, com o tempo, despegando-nos da expectativa, a operação Wesseltoft/ Thomas torna-se cada vez mais um mais um exercício de tentativa de… chegar a lado nenhum.

Que tudo soasse a "Furuberget", o primeiro tema, dezoito minutos astuciosos; começa sem particular ímpeto e evolui num crescendo de reviravoltas coloridas em que ambos os músicos têm o seu momento para explanar respectivos estados de alma sem se atrapalharem; os escorreitos teclados Bugge voam lindamente; a dedilhar o baixo, ou a guitarra acústica, Thomas acalenta. Tudo bonito, aventuroso, imponente e respeitável. O que se segue torna-se mais desconfortável cada vez que se lá volta, e definitivamente bocejante.

"Norte Do Brasil" revela-se montado numa tarde de copos – um recreio académico (embriagado) de sintetizadores. "Sin Tempo" é – picuinhice minha? – Wesseltoft estar na sua, a divertir-se sem constrangimentos, enquanto Thomas se limita a garantir que a programação segue sem desvios. Depois entra "Bar Asfalt" e "Epilog" e percebe-se de vez o que há de desequilibrado neste disco: Wesseltoft sente-se mais confortável com Thomas que Thomas se sente confortável com Wesseltoft. Honestamente? Uma adição desejada, mas um resultado matemático final insípido. Valha-nos o enorme "Furuberget".
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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