Joan é o álbum de estreia do projecto com o mesmo nome de João Melo, músico que foi gerando algum burburinho através do moniker Mind Safari. O samurai que vemos na capa talvez nos leve a pensar numa música ferozmente contida, decidida a rasgar-nos em dois com a sua espada para defender a sua honra, mas é só um engodo. Joan é menos katana e mais chá.

Mais concretamente, o tipo de chá que nos faça ver coisas para além do tempo e do espaço, derreter o corpo e viver uma realidade paralela durante breves instantes. A realidade dentro de um videojogo, por exemplo. Cada tema em Joan foi enumerado como se enumeram níveis diferentes, e só teremos acesso a eles vencendo o anterior. Não vale fazer batota ou usar o Código Konami.

Ou será que vale? É que, por vezes, um profundo conhecedor do jogo pode começar a apostar em cheats diversas para mudar a sua própria percepção do jogo - até mesmo perceber como foi feito. Vendo Joan como um saudoso jogo de plataformas, chegamos à conclusão que dois dos seus melhores momentos só foram vislumbrados com recurso a códigos: a mashup de FARWARMTH e o mod de Floresta Oblíqua, que transformam algo simpático em toda uma nova experiência. Assim vale a pena perder umas horas em frente ao ecrã.