Os Graveola são um casulo de criatividade infinita. O seu núcleo duro desdobra-se constantemente em projectos a solo que são consistentemente interessantes. Não é nada na água, certamente. Os Graveola são uma boa escola e os alunos são aplicados. E os resultados estão à vista ano após ano.

José Luis Braga é um desses casos de sucesso de independência da casa-mãe. Nossa Casa, o seu primeiro álbum a solo, é um disco de arranjos cheios e com canções de peito cheio. Apesar dos seus pouco mais de trinta minutos, é um daqueles registos que soam completos, apurados e inteiros.

A maravilhosa “Peso de um sopro no ar” poderia ser um resumo deste disco. Porque parece um longo sopro e porque os sopros têm um papel fundamental na pintura destas canções. E, mais do que tudo, porque é um exercício fascinante tanto em termos melódicos como rítmicos.

As canções de Nossa Casa são leves; leves mas nunca light. Não pesam nada apesar dos seus arranjos complexos ou dos temas não raras vezes densos que José Luis Braga escolhe para vestir essas mesmas canções. A casa dele pode ser agora também a vossa - e o brasileiro deixa-vos entrar sempre que apetecer. Trezentos e sessenta e tal dias por ano, 24 horas por dia. Aproveitem.