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Ulnar
Dreaming Of Sailing Further West
· 31 Jan 2018 · 09:33 ·

Ulnar
Dreaming Of Sailing Further West
2017
ZigurArtists
Sítios oficiais:
- Ulnar
- ZigurArtists
Dreaming Of Sailing Further West
2017
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Sítios oficiais:
- Ulnar
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Dreaming Of Sailing Further West
2017
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Dreaming Of Sailing Further West
2017
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Sonhando com a Madeira.
Colocamo-nos de pé, na Ponta do Pargo, e vemos o ocidente inteiro. O ocidente abundante, de riquezas por descobrir, de vida a fervilhar; o escape perfeito de uma ilha que é uma pérola para turistas e uma prisão para autóctones. Colocamo-nos de pé e escutamos: o vento que sopra, as vozes que lá longe nos chamam, o vasto oceano a espetar-se contra a rocha. Para além do som há uma consciência que range e que nos faz tremer o corpo. Um "devia ir, devia ir", murmurado vezes sem conta, como num daqueles sonhos que não nos irá sair da cabeça por mais que abramos os olhos.
"Devia ir, devia ir": o murmúrio cresce e torna-se música. Mais concretamente, Dreaming Of Sailing Further West, o álbum que os Ulnar - Aires e Rui P. Andrade - criaram juntos durante um verão passado na sua nativa Madeira, e que é grosso modo uma carta de amor/ódio a essa mesma ilha. Eles, melhor do que ninguém, saberão explicar essa sensação estranha de se querer sair de uma terra onde nunca se foi. Ou, nunca de lá saindo, perceber porque razão tantos o fazem, pensando nas famílias enquanto miram um horizonte longínquo.
Através de paisagens sonoras que fundem o noise com o ambient, a ilha é-nos descrita. Há paz, sim, talvez até demasiada. E há tormento e tensão, há vulcões que a qualquer altura podem rebentar e levar consigo centenas de pessoas, há o pôr-do-sol perpétuo - o daqui, da Madeira, e o dali, o do ocidente. Há "Sapphire Harbor", onde um homem (dois, neste caso) observam o infinito a partir do porto, sonhando com tantos outros portos em tantas outras cidades. E quem ouve, e quem nunca foi à Madeira, apaixona-se pelo local como se lá tivesse vivido desde sempre: ansiando pelas saudades que terá quanto partir.
"Volcanic Ash" junta ao noise aquático a voz de alguém - uma voz hipnagógica e perdida, talvez um diálogo, uma súplica, antes de a onda descer e partir como se o oceano estivesse sempre calmo e propício a deixar-nos montar nele. E "Sailing Further West" é a decisão final, o barco que ruma em direcção ao novo mundo, transportando consigo um sonho desconhecido - se bom ou agreste, só o futuro o dirá. Em 30 minutos, Dreaming Of Sailing Further West apresenta-nos a Madeira toda: não apenas a arquitectura visível, mas também os sentimentos que desperta. Não seria possível pedir um guia melhor.
Paulo Cecílio"Devia ir, devia ir": o murmúrio cresce e torna-se música. Mais concretamente, Dreaming Of Sailing Further West, o álbum que os Ulnar - Aires e Rui P. Andrade - criaram juntos durante um verão passado na sua nativa Madeira, e que é grosso modo uma carta de amor/ódio a essa mesma ilha. Eles, melhor do que ninguém, saberão explicar essa sensação estranha de se querer sair de uma terra onde nunca se foi. Ou, nunca de lá saindo, perceber porque razão tantos o fazem, pensando nas famílias enquanto miram um horizonte longínquo.
Através de paisagens sonoras que fundem o noise com o ambient, a ilha é-nos descrita. Há paz, sim, talvez até demasiada. E há tormento e tensão, há vulcões que a qualquer altura podem rebentar e levar consigo centenas de pessoas, há o pôr-do-sol perpétuo - o daqui, da Madeira, e o dali, o do ocidente. Há "Sapphire Harbor", onde um homem (dois, neste caso) observam o infinito a partir do porto, sonhando com tantos outros portos em tantas outras cidades. E quem ouve, e quem nunca foi à Madeira, apaixona-se pelo local como se lá tivesse vivido desde sempre: ansiando pelas saudades que terá quanto partir.
"Volcanic Ash" junta ao noise aquático a voz de alguém - uma voz hipnagógica e perdida, talvez um diálogo, uma súplica, antes de a onda descer e partir como se o oceano estivesse sempre calmo e propício a deixar-nos montar nele. E "Sailing Further West" é a decisão final, o barco que ruma em direcção ao novo mundo, transportando consigo um sonho desconhecido - se bom ou agreste, só o futuro o dirá. Em 30 minutos, Dreaming Of Sailing Further West apresenta-nos a Madeira toda: não apenas a arquitectura visível, mas também os sentimentos que desperta. Não seria possível pedir um guia melhor.
pauloandrececilio@gmail.com
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