Está tudo no nome: doom metal. Uma ligação - ou uma procura? - ao/pelo caos, à/pela desolação, ao/pelo infinito da miséria. Uma tradição metálica que começou com os Black Sabbath, que sabemos serem pais desta merda toda, aperfeiçoada pelos Candlemass e romantizada pelos My Dying Bride, sem esquecer as fusões com o sludge ou outras tantas maneiras de exprimir uma linguagem pesada. E que encontra nos Usnea, banda de Portland já com três discos no currículo, fiéis seguidores.

Portals Into Futility poderia ser a descrição de muito e corajoso activismo, considerando que as boas intenções encheram o mundo de inferno, mas é outra coisa, enraizada não na batalha do ou contra o dia-a-dia mas sim num dos seus mais acarinhados escapes: a ficção científica e as obras de gente como Carl Sagan, Margaret Atwood e Philip K. Dick, autores que os Usnea mencionam na criação deste terceiro registo. De facto, quando o mundo nos parece uma merda, mais vale inventar um outro. Foi a isso que se prestaram, em cinco temas que juntos não chegam a uma hora.

Apesar do seu engenho e de no seu todo Portals Into Futility ser um disco bem construído (bons riffs, boas dinâmicas entre o peso e os momentos mais calmos, a voz trazendo consigo um tremor de terra), não podemos deixar de pensar que é, também, ligeiramente fútil - visto não trazer nada de novo ao género. É algo que não preocupará muita gente, mas que é capaz de alienar outros tantos. "A Crown Of Desolation", tema que encerra o disco e o mais longo dos cinco, resume bem a experiência; escusado será perder tempo com o resto.