O que de imediato se distingue é a facilidade com que se ouve isto. Não porque seja facilitista. Não porque haja uma conversão a uma linguagem nova, tecnologicamente aligeirada. Não. Nada disso. A extrema sofisticação do produtor/percussionista americano Steven Ford – que conhecemos por Bruno Pronsato – mantém-se.

A sensibilidade, a sabedoria e a proficiência – e porque não o perfeccionismo – que ergueram Why Can't We Be Like Us ou Lovers Do continuam a ser distinta marca de Bruno. Amiúde o tempo é essencial para: 1) dar espaço para interiorizar o que já foi feito; 2) descobrir o que ainda está por fazer – como dar o próximo passo. A pertinência.

Seis anos depois do luxuoso Lovers Do, Bruno volta com uma abordagem estudada, ponderada, clara. Volta com novas ferramentas de tratamento. E pouco, senão mesmo nada, a depender da caixa de ferramentas do techno minimal. Ideologicamente, Bruno andará nestes dias mais no quarteirão quântico de Moritz von Oswald do que o de Villalobos.

US Drag distingue-se dos seus antecessores sem uma única vez entrar em paradoxismos. A duração dos temas encolheu. As ideias techno, IDM, drone, jazz ou pop enviusada foram compactadas sem que tal tenha degenerado em atrofios absurdos. Bruno experimentou, especulou, depurou.

Este disco demorou a ser feito. E com perplexidade ouvimos complexidade a ser-nos presenteada com espantosa naturalidade. Bruno Pronsato é o mesmo de sempre, mas agora há outra mestria na fluência, qualquer coisa como nos convencer que o complicado não tem nada que saber. É matemática sonora avançada, sim, mas inteligível e sensual. BRAVO.