Tanika Charles teve de esperar sete anos até conseguir editar o seu álbum de estreia, este mesmo Soul Run, após um EP em 2010 sob outro nome artístico. Ou talvez não "tenha tido" de esperar; talvez essa espera tenha sido planeada pela própria, de forma a que a sua voz amadurecesse e soasse, grosso modo, àquilo que se espera de uma soul woman. Que é o que Charles pretende ser, ou não fosse este mesmo disco exemplo disso.

Mesmo que na press release a cantora canadiana seja apontada como "a próxima grande artista pós-Drake", não há nada de contemporâneo em Soul Run: a música foi meticulosamente confeccionada de modo a soar como soaria em em 1960 ou 1970, décadas em que a soul foi rainha e senhora. Novidade, só mesmo a produção - ou a tecnologia que a permitiu. Se Tanika Charles fez bem em esperar? Tudo parece apontar para que sim, ainda que Soul Run seja, no seu todo, apenas "mais um" disco soul no século XXI.

Não há nele, portanto, nada que a distinga das demais soul women, ainda que lhe reconheçamos a qualidade à voz e a temas como aquele que dá nome ao disco, brisa calorosa para tempos que mais lembram um frio perpétuo. Tudo o resto é aquilo que o nome explica; Tanika Charles a correr pela soul fora, embrenhada nos seus próprios pensamentos e na ortodoxia deste género musical. Será preciso muito mais do que isso para ser uma estrela a sério.