Yussef Kamaal são o baterista Yussef Dayes e o teclista Kamaal Williams. Um duo de Londres aparinhado pelo tio Gilles Paterson. “It’s all about the drums and the keys… Not to take anything from anyone else, but that’s where it all originates from: the chords, the rhythm of the chords and the drums.” Palavras de Kamaal que resumem o espírito deste disco de estreia: basicamente, percussão e teclas, e depois exercitar influências.

Imaginem Herbie Hancock a fazer amor com Miles Davis ao som Neon Phusion – colectivo britânico broken-beat que em 1999 tinha por epígrafe The Future Ain't The Same As It Used 2 B. Yussef Kamaal operam o seu jazz organicamente; e orgânicos soam, competência ouvimos, e sentimos. Não é jazz para quem vive intensamente o jazz. Também não é mundano e redundante ao ponto de ser descartável. Este alinhamento está para quem aprecia um simpático desafio, mesmo que extenuado de um dia de desafios labirínticos.

Dayes e Williams não complicam, mesmo quando soam mais compenetrados a tecer as referências que lhes moldaram o espírito na juventude. Facilmente os podermos etiquetar como artesãos do nu-jazz actual; que o new é sempre redutor – estupidamente, diz muito e nada diz; mas lá tem de se chamar alguma coisa como ponto de partida.

Black Focus mexe connosco mais pela simpatia das escolhas delineadas que pela proeza da linguagem: é consequência de um projecto que sincretiza, que tem a história da black music no coração. Faltará ao duo, contudo, o desafio de uma aventura mais aprofundada, sem medo de correr riscos na densa urbe do jazz moderno que gosta de piscar o olho a selectas pistas de dança. Poetas competentes já o são. Visionários é uma questão de tempo, paciência, e espírito.