DISCOS
Kiki Hitomi
Karma No Kusari
· 17 Out 2016 · 11:45 ·

Kiki Hitomi
Karma No Kusari
2016
Jahtari
Sítios oficiais:
- Kiki Hitomi
- Jahtari
Karma No Kusari
2016
Jahtari
Sítios oficiais:
- Kiki Hitomi
- Jahtari

Kiki Hitomi
Karma No Kusari
2016
Jahtari
Sítios oficiais:
- Kiki Hitomi
- Jahtari
Karma No Kusari
2016
Jahtari
Sítios oficiais:
- Kiki Hitomi
- Jahtari
Jah, e o que com o coração será!
Kiki Hitomi lançou-se fora do Japão em inícios dos anos 90 aterrando na Inglaterra para estudar arte. E por terras de Sua Majestade andou em busca da sua vocação – começou no design para skateboards até que encontrou, quase quinze anos depois, e um divórcio volvido, um ímpeto para a canção.
Dividida entre as suas influências nativas (o enke) e o exotismo vindo de outra ilha de outro continente (o raggae), encarando de frente as sonoridades electrónicas de Londres – mutuantes, bizarras, sedutoras: o dupstep dominava a cena underground –, Kiki achou-se a doar a sua voz a produções que não retribuíam em espírito. “I always got super drunk before because I was so scared”. Intimidada perante o público, sim. Percebe-se o desabafo que revelou à Fact Magazine. Mas por detrás, na verdade, estava uma enorme falta de confiança nas suas capacidades como cantora.
Kevin Martin surgiu na sua vida. E nada voltou a ser o mesmo. King Midas Sound mostrou-a ao mundo. Se não verdadeiramente, um começo pelo menos. Como intuitivo produtor, Kevin “The Bug” Martin orientou-a em vez de a explorar. Kiki Hitomi encontrou mais que a mera vocação, deu-se a acreditar estar entre vozes com substância anímica.
Tendo encontrado algo em si, e agradecida a Kevin, Kiki partiu para a Alemanha. Em Leipzig, encontrou Jan “Disrupt” Gleichmar; com ele houve uma imediata empatia: as influências nativas de Kiki – enke, assomado o reggae –, iam ao encontro da ambição de Jan em conjecturar Jamaica-bytes-dub com toque oriental. Tudo ia a caminho da definição artística de Kiki Hitomi até que… ela engravidou algures entre 2012, 2013; e abdicou de tudo para dar completa atenção à cria.
Karma No Kusari – possível tradução: a corrente do Karma. Para ela, há – claramente – muito de pessoal. Altos e baixos. Houve quebras, ou um assomo de intervalos. Passado – Presente. Este disco de estreia de Kiki – tão bonita como genuína – não se dá a indiscrições. Mas a menina abre a mão para revelar catarse – algo melancólica?
Jan “Disrupt” Gleichmar agarrou-a novamente. Mas não se impôs. Ofereceu espaço, meios, tecnologia. Amor. Karma No Kusari é isto: um disquinho com pouco mais de trinta minutos; com uma produção moldada ao que Kiki quer crer: ela dá voz ao que está dentro de si; beleza dos sentimentos. Mas não veicular tudo de graça: o som é sujo, por vezes desgraçado – tipo arrancado duma velha cassete de fita de cromo; um som vindo de outra era, dub de outra dimensão – a arrepiante presença de The Spaceape por aqui acrescenta sobrenaturalidade.
Ela dá o que tem a dar – com a electrónica gameboy de Disrupt carregadinha de baixos redondos a criar relevo - e retira-se humildemente! É-nos impossível largar este honesto recanto de especulação chamado Karma No Kusari sem enaltecer os soberbos instantes que provocam pele de galinha: "Pink No Kimono"; "Yume No Hana"; "Galaxy" – três temas em modo pop sopeira que se revolvem em esquisitices. Esquisitices? Não! Amor. Amor! Que Jah esteja com ela.
Rafael SantosDividida entre as suas influências nativas (o enke) e o exotismo vindo de outra ilha de outro continente (o raggae), encarando de frente as sonoridades electrónicas de Londres – mutuantes, bizarras, sedutoras: o dupstep dominava a cena underground –, Kiki achou-se a doar a sua voz a produções que não retribuíam em espírito. “I always got super drunk before because I was so scared”. Intimidada perante o público, sim. Percebe-se o desabafo que revelou à Fact Magazine. Mas por detrás, na verdade, estava uma enorme falta de confiança nas suas capacidades como cantora.
Kevin Martin surgiu na sua vida. E nada voltou a ser o mesmo. King Midas Sound mostrou-a ao mundo. Se não verdadeiramente, um começo pelo menos. Como intuitivo produtor, Kevin “The Bug” Martin orientou-a em vez de a explorar. Kiki Hitomi encontrou mais que a mera vocação, deu-se a acreditar estar entre vozes com substância anímica.
Tendo encontrado algo em si, e agradecida a Kevin, Kiki partiu para a Alemanha. Em Leipzig, encontrou Jan “Disrupt” Gleichmar; com ele houve uma imediata empatia: as influências nativas de Kiki – enke, assomado o reggae –, iam ao encontro da ambição de Jan em conjecturar Jamaica-bytes-dub com toque oriental. Tudo ia a caminho da definição artística de Kiki Hitomi até que… ela engravidou algures entre 2012, 2013; e abdicou de tudo para dar completa atenção à cria.
Karma No Kusari – possível tradução: a corrente do Karma. Para ela, há – claramente – muito de pessoal. Altos e baixos. Houve quebras, ou um assomo de intervalos. Passado – Presente. Este disco de estreia de Kiki – tão bonita como genuína – não se dá a indiscrições. Mas a menina abre a mão para revelar catarse – algo melancólica?
Jan “Disrupt” Gleichmar agarrou-a novamente. Mas não se impôs. Ofereceu espaço, meios, tecnologia. Amor. Karma No Kusari é isto: um disquinho com pouco mais de trinta minutos; com uma produção moldada ao que Kiki quer crer: ela dá voz ao que está dentro de si; beleza dos sentimentos. Mas não veicular tudo de graça: o som é sujo, por vezes desgraçado – tipo arrancado duma velha cassete de fita de cromo; um som vindo de outra era, dub de outra dimensão – a arrepiante presença de The Spaceape por aqui acrescenta sobrenaturalidade.
Ela dá o que tem a dar – com a electrónica gameboy de Disrupt carregadinha de baixos redondos a criar relevo - e retira-se humildemente! É-nos impossível largar este honesto recanto de especulação chamado Karma No Kusari sem enaltecer os soberbos instantes que provocam pele de galinha: "Pink No Kimono"; "Yume No Hana"; "Galaxy" – três temas em modo pop sopeira que se revolvem em esquisitices. Esquisitices? Não! Amor. Amor! Que Jah esteja com ela.
r_b_santos_world@hotmail.com
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