DISCOS
Mplus
Unfold
· 11 Abr 2016 · 11:51 ·
Mplus
Unfold
2016
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Mplus
Mplus
Unfold
2016
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Mplus
Temos uns “Goldfrapp” e não sabíamos.
Da Invicta, mas sempre leal cidade do Porto, não chegam só francesinhas. A prova vem directamente dos sintetizadores e guitarras penteados pela dupla Mónica Dias e Márcio Paranhos, vulgo Mplus, banda que faz da dança entre a synthpop e a electrónica o seu modus vivendi, um estranho modo de vida que agora encontra refúgio no quente de Unfold, primeiro arrisco arisco saído em Fevereiro último.

Ainda embrionários, ligados à corrente apenas desde Outubro de 2014, os Mplus trabalham o som sobre a dimensão estética de uma electrónica de forte pendor dançante. Porém, não se julgue que falamos de um baile de casamento. Aqui fala-se uma linguagem musical de club porque, ainda que verdes nestas andanças discográficas, a dupla parece saber tratar por tu a filigrana das linhas melódicas e rítmicas.

Aprumados é o menos que se pode dizer. “Freedom”, primeira música e primeiro single do curto alinhamento mostra ao que vêm. Uma pop que se mistura ternamente com a electrónica bem tratada acoplada a uma voz, no mínimo sensual, que nos remete para o que os Moloko ou Ladytron de melhor fizeram. Onda que se prolonga por “We are Gold” e, aqui nesta segunda música, são-no mesmo. A mais dançante das cinco músicas que compõem Unfold, “We are Gold” pisca o olho a Goldfrapp com a sua batida forte e marcada, meio industrial, meio minimal, que trespassa através da voz e guitarra cheios de personalidade de Mónica Dias, qual lança sem freio, o corpo de quem a escuta.

São comparações e as comparações valem o que valem (tão La Palisse…), mas os Mplus parecem ir lá beber, e bebem bem, porque influências podem resultar de forma perversa no resultado final. Neste caso, nada há de perverso. Aqui, o electro-pop musculado a fugir para o industrial floresce em bom gosto e originalidade, sendo caso para afirmar que, com tipos destes a criar, o género, em Portugal, terá muitos dias de sol pela frente. Mplus são dos bons, dos muito bons. Deem-lhe asas e verão como voam...

“Perfect Move”, “Shake” e “Wake up”, o restante trio de Unfold, são a prova de que as duas primeiras não são obra do acaso. A textura e o trato que a composição merece por parte de Mónica e Márcio são de artista maduro que sabe o que quer e como quer. Uma crítica, no entanto, Unfold sabe a pouco. Venha de lá um LP porque a cena musical portuguesa está cheia e merece mais do que as Ana Malhoa desta vida.
Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com

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