DISCOS
a-nimal
Distopias
· 06 Abr 2016 · 11:19 ·
a-nimal
Distopias
2016
A Besta


Sítios oficiais:
- a-nimal
- A Besta
a-nimal
Distopias
2016
A Besta


Sítios oficiais:
- a-nimal
- A Besta
Um riff a esbofetear um rosto humano, para sempre.
Na sua boa review do disco para a Wav., o Diogo Alexandre lamenta o facto de «ainda nenhum meio especializado» se ter «debruçado sobre este fenómeno», referindo-se tanto aos a-nimal como ao colectivo A Besta, que ajudaram a fundar. Não é que o Bodyspace seja um meio especializado - longe disso - mas, no que ao quarteto e a este website diz respeito, vou tentar explicar o porquê desta falha: o Jonas (André Calvário, garboso baterista) ainda não pagou finos suficientes. Pronto, está justificado.

Brincadeiras à parte, 2016 pode muito bem ser o ano em que os a-nimal e A Besta encontram o seu espaço na miríade de blogues e webzines que existem hoje em dia, e que têm ajudado a promover aquilo que em Portugal se faz de belo, longe do clamor pateta das massas por mais bandas que soem àquilo que já se fazia há trinta ou mais anos. A propagação da imbecilidade é provavelmente o maior argumento anti-Darwin; milhares e milhares de anos a escavacar o planeta e a evolução ainda não a fez desaparecer. But I digress...

...Ou talvez nem tanto, porque é a imbecilidade que promove a distopia diária em que nos movemos. Não é uma distopia como aquela delineada em livros como 1984 ou Admirável Mundo Novo, que influenciaram o novo disco dos a-nimal, mas algo muito mais subtil, que não permite que percebamos que este mundo rebenta de merda por todos os lados - se bem que, nos jornais, a implosão seja a cada semana que passa mais visível. E Distopias, o disco, aparenta querer ser a sua banda-sonora - porque pinta o seu quadro através de um stoner delicado, que melhor se define nos minutos iniciais de "Jamindi", o deserto após as bombas.

Mas falava de evolução; e a evolução da sonoridade dos a-nimal é mais do que notória. Não só porque agora contam com o auxílio de Tiago Eira, teclista, mas porque se livraram - e eu disse-o ao Jonas por mais do que uma vez - do seu elemento mais fraco, que era a voz. Deixaram, por fim, a música respirar, assumindo-se como uma das bandas de topo nacionais no que ao instrumental diz respeito... E ainda tiveram o condão de expandir e melhorar aquilo que já era óptimo, misturando stoner, pós-rock, rock progressivo e outros tantos géneros em barda, num bolo que agora passou a "essencial". Para além de "Jamindi" (a sério: que puto de malhão), Distopias encontra em "Zullen We Gaan" e "Amlan" dois dos seus maiores trunfos, num disco que está prenhe deles. Embora seja estúpido dizer que um artista se deve orgulhar da sua obra (se não fosse assim sempre, nem sequer a realizaria), os a-nimal têm aqui um disco do qual se deverão orgulhar, e muito. Venham mais. E, quem sabe, um concertozinho no Reverence.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

Parceiros