Deve ser fodido ser o black metal finlandês. Imaginem o que é viver com vizinhos como a Suécia e Noruega... O black metal finlandês é um pouco como o “Branco”, da Trilogia das Cores do Kieślowski : um filme do caralho, mas menos apreciado do que o “Vermelho” ou até mesmo o “Azul”. Mesmo sem o mediatismo da cena norueguesa ou a quantidade absurda de bandas da cena sueca, o black metal finlandês sempre foi bastante forte, com bandas como Horna, Behexen, Baptism, Beherit,etc… Mais recentemente, um dos nomes mais interessantes é Cosmic Church, projecto a solo de um tipo de Tampere “chamado” Luxixul Sumering. Ora, o senhor Sumering, apesar do moniker demasiado ridículo até para uma cena que idolatra malta com nomes tipo Nocturno Culto e Necrobutcher, é um tipo com talento e volta a prová-lo em Vigilia, o novo EP. Apesar de não fugir muito (que é como quem diz, apesar de não fugir quase nada) ao que já tinha sido feito antes - um black metal maioritariamente mid-tempo, melódico e melancólico -, o lançamento é original na forma como o senhor Sumering (eu não resisto a este nome…) mistura as influências. Passamos de riffs post-punk para blast-beats e tremolo picking, de um black metal apunkalhado vindo de Tuonela (googlem) para um registo próximo do DSBM, tudo como uma naturalidade e simplicidade apenas ao alcance de meia dúzia.O equilíbrio entre o lado mais primitivo, burzumesco até, do black metal, e o songwriting evoluído, quase requintado, à la finlandesa, não é para qualquer um, e já é tempo de Cosmic Church começar a ser referido em discussões sobre o melhor que se faz no género.

No total são quatro faixas, pouco mais de trinta minutos. É curtinho, mas essencial. No papel, parece que estou a falar de Amesoeurs, mas não se preocupem. Não tem nada a ver.