DISCOS
Special Request
Modern Warfare
· 20 Nov 2015 · 14:30 ·
Special Request
Modern Warfare
2015
XL Recordings


Sítios oficiais:
- Special Request
- XL Recordings
Special Request
Modern Warfare
2015
XL Recordings


Sítios oficiais:
- Special Request
- XL Recordings
Esta música não quer ser mero revivalismo rave.
Em 2013, Soul Music teve um defeito: era longo demais. Nem foi o facto de ser uma antologia de EP’s que prejudicou a sua escuta – mesmo que meramente empilhar temas num CD não faça da coisa um álbum; a extensão – disco duplo, temas longos, algo repetitivos – provocou um cansaço que comprometeu a mensagem de Paul Woolford. E qual é a sua mensagem? Em que se sobressaía, e ainda sobressai? Numa palavra: revivalismo.

Paul não vive parado no tempo. Mas vive para o tempo em que coisas interessantes aconteciam em Inglaterra. O espírito RAVE vive em si: a pureza do undergound dos anos 90 – do acid ao hardcore, do breakbeat ao IDM – fervilha; nunca como uma mera memória do que era excitante (antes é que se fazia boa música) mas sim como essa memória merece – e parece imperativo! – estar presente como contraposição ao que se vai produzindo hoje com pouco nervo. Paul Woolford acredita que aquela música não se esgotou na euforia das raves. É certo que não soar datado quando se quer ser novo é uma tarefa herculana. Mas Paul Woolford orienta-se em frente com passos contados; o suficiente para não se perder em anacronismos crónicos.

Special Request tanto invoca o motor pioneiro de Detroit (Derrick May, Juan Atkins e Kevin Saunderson à cabeça), como convoca a energia reaccionária dos Shut Up And Dance, Altern 8, 808 State, A Guy Called Gerald, LFO e todos aqueles nomes que encheram o catálogo da XL Recordings quando nasceu. E a XL abraçou os principais nomes do breakbeat e do hardcore. Os hinos “Charly” (1991) – The Prodigy – ou “On A Ragga Tip” (1992) – SL2 – são peças centrais quando falamos do lado mais mediático da cultura rave.

Os EPs Modern Warfare de Special Request na XL Recordings têm uma importância. E não é uma de mera curiosidade. Paul Woolford parece que recebeu um reconhecimento oficial da XL Recordings ao ser convidado para fazer parte do catálogo da editora: a sua música representa tudo o que a XL era há vinte cinco anos; é nostalgia… da boa. Um pouco à semelhança de Soul Music, Modern Warfare (álbum) é um compêndio de EPs. Não é um disco de originais. É – outra vez – um best of dos últimos trabalhos. Não estarmos perante uma genuína obra conceptual é a sua verdadeira fraqueza.

Mas a forma como Modern Warfare é agora apresentado, e fechando os olhos aos pormenores, ficamos quase convencidos de que é um disco de verdade. Ele não vai muito além de Soul Music. Tanto invoca o velho como convoca o novito. Mas há algo de esparso na forma como o alinhamento desta vez foi constituído. A música já não soa tão longa e repetitiva. Há um foco na mensagem. E em consequência há uma maior concentração do ouvinte no que essa mensagem representa.

Sente-se a mão do autor a acariciar o nosso desejo em acreditar nesta música. E em Modern Warfare acontecem umas quantas coisas intrigantes. Não tanto pelos breakbeats e o jungle omnipresentes (sempre a ordenarem frenesim) mas como os míticos synths rave se atrevem a martelar sobre o bass pungente do dubstep de gajos como Zed Bias (garage e 2step a embrulharem-se) e exigem respeito declarando que não são cadáveres estéticos. A excelência fumarenta de “Elegy” (o último tema do disco) mostra que Burial já vadiou nesta ambiguidade de estados mas decidiu seguir em frente para não perder ímpeto. Special Request é mais ortodoxo. Fica-se, mas isso não faz dele um idiota.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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