DISCOS
FIDLAR
Too
· 16 Nov 2015 · 10:04 ·
FIDLAR
Too
2015
Mom + Pop


Sítios oficiais:
- FIDLAR
- Mom + Pop
FIDLAR
Too
2015
Mom + Pop


Sítios oficiais:
- FIDLAR
- Mom + Pop
O triunfo dos porcos.
2015 tem sido um ano muito bom para o rock mais javardão e de essência punk - para além do regresso em grande dos Sonics, do pop/punk adolescente dos Circa Waves e das incursões garage dos Gateway Drugs e dos Royal Headache, também os FIDLAR, com o seu segundo disco, elevaram a fasquia do rock teenager despreocupado e focado apenas em partir tudo à sua passagem. Os californianos têm sabido conquistar o seu público (de culto, mas um público ainda assim) através do gozo pela sujidade. E qual é o mal? Nenhum.

Porque Too mais não é que pancadaria ou um desejo da mesma, um conjunto de canções divertidíssimas para entoar em noites de bebedeira na Bica. Bebedeira? Por acaso os FIDLAR gostam muito do álcool: And I don’t care at all, I’ll drink some alcohol / It’ll make me who I really wanna be / But I’m that kind of special person that drinks too much / Cause nobody understands me..., ouve-se logo em "40oz. On Repeat", que parece definir na perfeição aqueles dias em que o emprego nos fode a sanidade e temos obrigatoriamente de descer até ao abismo só para voltar a sentir alguma coisa, como qualquer adolescente maltrapilho (somos todos).

Maltrapilho, como o riff de "Punks", que não faz assim grande juz ao seu nome - isto mais soa a uma metalada saída de uma garagem acabada de ser apropriada por pseudo-okupas que leram três ou quatro trechos de Karl Marx e procuram agora mudar o mundo. O que é uma descrição fantástica para uma canção que, no fundo, é sobre sexo sem compromisso, e que dá imediatamente lugar a "West Coast", que parece uns Arcade Fire desiludidos com os seus dez anos de carreira e popularidade. Quem quer ser famoso quando se pode ser feliz?

Too é um disco brilhante pela urgência que daqui se solta, e é um disco feliz - ainda que muitas das letras, sacadas ao típico ennui da malta jovem, nos deprimam um bocado (porque somos iguais). Os coros em "West Coast" não são menos que deliciosos. "Sober" é um mantra: I figured as i got older / That life just sucks when you get sober. A explosão inesperada no final de "Overdose" é um coice tremendo. E não há como não desatar à gargalhada em "Bad Habits", quando o verso se transforma em paranóia: Oh my God, I'm becoming my dad!. Os FIDLAR são só uns putos e já aprenderam mais que muitos crescidos: não há salvação possível, por isso mais vale ir beber umas jolas. O que é bastante melhor que pôr uma gravata e ser pago para morrer. Devíamos deixá-los ensinarem-nos uma coisa ou outra.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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