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Chris Lightcap’s Bigmouth
Epicenter
· 30 Jul 2015 · 16:17 ·
Chris Lightcap’s Bigmouth
Epicenter
2015
Clean Feed


Sítios oficiais:
- Clean Feed
Chris Lightcap’s Bigmouth
Epicenter
2015
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Equipa de luxo.
Chris Lightcap não tem estado quieto. O americano é um dos mais requisitados contrabaixistas da actualidade e, ao longo do seu percurso, tem colaborado com gente como Marc Ribot, John Medeski, Tomasz Stanko, John Scofield, Mark Turner, Joe Morris, Butch Morris e Tom Harrell, entre muitos outros. E se tem acompanhado alguns dos grandes, na condição de líder faz-se acompanhar dos melhores dos melhores. O seu grupo Bigmouth junta um verdadeiro conjunto de consagrados: a bateria de Gerald Cleaver, o piano e teclados eléctricos de Craig Taborn e os saxofones de Tony Malaby e Chris Cheek - já Andrew D’Angelo, que entrou no disco anterior do grupo, aqui não participa.

A mestria de Lightcap não se limita à qualidade técnica instrumental. O contrabaixo não se fica pela simples marcação do tempo, tem uma presença forte. Neste novo disco o contrabaixista volta também a confirmar as credenciais como excelente compositor. Se há marca que caracteriza este disco é a diversidade de ambientes: cada tema segue numa direcção nova, explorando uma grande variedade de cores, ideias e cambiantes. Essas composições são depois trabalhadas com mestria pelos parceiros: a dupla de saxofones (Cheek e Malaby) não se atrapalha, complementa-se inteligentemente; Taborn enche as músicas, assertivo; e Cleaver não abdica da precisão habitual.

“White Horse” é um tema curto com a guitarra acústica a sobressair (surpreendentemente, neste tema Lightcap explora a guitarra e ainda dá uns toques no orgão). Já o tema seguinte, o homónimo “Epicenter”, arranca com uníssonos clássicos, entra o solo de contrabaixo, depois o piano, para evoluir colectivamente, de forma progressiva, ao longo dos seus nove minutos. Sorrateiramente, “Arthur Avenue” arranca com o contrabaixo picado suavemente, arrastando-se num tempo lento. Contrastando, a seguinte “Down East” convoca toda a instrumentália para o rebuliço - controlado, claro. Além dos temas originais, que enchem o disco, há ainda uma versão: o clássico “All Tomorrow’s Parties” dos Velvet Underground é revisitado de forma adocicada. Final perfeito para um disco onde o jazz não se deixa fechar em si mesmo.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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