DISCOS
Nidia Minaj
Danger
· 09 Jul 2015 · 16:12 ·
Nidia Minaj
Danger
2015
Príncipe Discos


Sítios oficiais:
- Nidia Minaj
- Príncipe Discos
Nidia Minaj
Danger
2015
Príncipe Discos


Sítios oficiais:
- Nidia Minaj
- Príncipe Discos
Nidia Minaj faz da Príncipe Discos a Terra do Amanhã onde todos queremos viver sem constrangimentos.
O percurso da Príncipe Disco é de uma admirável ascensão. Lisboa. Portugal. África. O mundo. As portas estão abertas. Escancaradas – prontas a receber ideias que desafiem o senso comum. O princípio da Príncipe Discos poderá resumir-se a um ditame usado vezes sem conta: pensar fora da caixa. E não parece haver qualquer despreocupação dos responsáveis da editora no acolhimento dos projectos que chegam à sua porta: a coesão da linguagem sonora (crua, mas elegante), da mensagem (o groove primordial), do sentimento festivo (não excessivamente hedonista), o design (de Márcio Matos, que é de uma simplicidade nada simplista), tudo tem uma direcção definida. Esta pequena editora de Lisboa tem estatuto, e merecido.

Nigga Fox destaca-se na mega operação em que a Príncipe Discos se tornou. E como já lá vão os dias em que os Buraka Som Sistema arriscavam procedimentos (a fama leva ao marasmo?), este jovem produtor não ignorou a existência de um interessante campo onde a mais genuína especulação se podia dar: Kuduro/ Kizomba experimental (atrevi-me a dizer algo hediondo?) – o título do EP O Meu Estilo de Nigga resume muito do que se passa no alinhamento. Há algo de saudável neste exercício de esgravatarão de géneros que as massas apenas conhecem em piloto-automático, de química artificial, repetitiva, brejeira no que à paixão diz respeito.

É certo que a Príncipe Discos não se resume apenas ao Kuduro/ Kizomba de maneirismos inusuais. Niagara ou Photonz são nomes impossíveis de ignorar no catálogo da editora – “WEO” de Photonz ou “Verde” de Niagara são de um delírio sensorial épico (Techno e House fora de controlo, meus senhores!). Mas verdade seja dita: a Príncipe Discos tem se permitido (cada vez mais) conotar com a vertente afro; há naturalidade na forma como abraça as propostas (e sim, além de Kuduro e Kizomba, há reminiscências do velhinho Funaná, devidamente electrizado). Se a produção confiante de Nigga Fox dá à editora alicerces que lhe permitem um estilo, uma personalidade, é impossível ignorar a injecção de adrenalina no catalogo que a estreia atrevida de Nidia Minaj – jovem de 19 anos, nascida na margem sul, agora a residir em França – proporciona a todo o edifício; Nidia é de uma frescura apaixonante.

Beats é a cena dela. Não ousa desafiar a gravidade do groove universal, mas não se conforma à estrutura dominante. A sua música é irrequieta. Quebradiça. Desafiante, em particular para quem está habituado à estabilidade rítmica. Nidia Minaj tem a particularidade de não alongar as ideias para além do necessário; expõe os seus argumentos em menos de três minutos: um tema vai directo ao corpo – electriza-nos! – e repete a picada no tema seguinte de forma impune. Danger é Kuduro e Kizomba e Afro-House; é selvagem; perigoso. Fascinante. É acima de tudo um elegante mastigar dos vícios urbanos mantendo-se, contudo, consciente da herança do groove básico – aquele que, por exemplo, o nosso coração tamborila desde o dia que nascemos até que morremos. Mais uma adição de peso no catálogo da Príncipe; mais uma prova que naquela casa há alguém com visão.

PS: à Príncipe Discos – uma compilação em CD das pérolas do catálogo urge acontecer.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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