DISCOS
Yodok III
The Sky Flashes. The Great Sea Yearns
· 27 Abr 2015 · 15:54 ·
Yodok III
The Sky Flashes. The Great Sea Yearns
2015
A New Wave Of Jazz / Tonefloat
Sítios oficiais:
- A New Wave Of Jazz
The Sky Flashes. The Great Sea Yearns
2015
A New Wave Of Jazz / Tonefloat
Sítios oficiais:
- A New Wave Of Jazz
Yodok III
The Sky Flashes. The Great Sea Yearns
2015
A New Wave Of Jazz / Tonefloat
Sítios oficiais:
- A New Wave Of Jazz
The Sky Flashes. The Great Sea Yearns
2015
A New Wave Of Jazz / Tonefloat
Sítios oficiais:
- A New Wave Of Jazz
Jazz (Not Jazz).
Imaginem que uns Boards Of Canada em modo pessimista e os Swans se juntavam para uma tórrida noite de falso amor, da qual resultasse uma prole bastarda onde a neblina hipnagogicamente densa de um e o avant-peso do outro se meneiam a um compasso apocalíptico e pontuado pelo rufar de uma bateria irrequieta. Imaginem também que tal prole se escusa a seguir qualquer linguagem musical específica e, ao invés, entra pelo jazz adentro e de lá retira as suas lições - sendo que, no final de tudo, se situará mais próximo do pós-rock. É assim o disco dos Yodok III, colectivo holendês que acaba de editar o seu segundo disco.
The Sky Flashes... é um excelente exemplo daquilo que, para um nerd dos que escrevem sobre música, se assume como um verdadeiro sonho molhado: um álbum que, apesar de tão cheio de referências de valor, se acaba por se tornar inclassificável, existindo singularmente na cadeia alimentar dos géneros. Faz sentido que seja editado numa label dedicada ao jazz, apesar de não ser (ou não ser apenas) jazz - mas, seja como for, o que é o jazz?
Alicerçado em crescendos e paisagens ambientais, bem como num trabalho de bateria notável, The Sky Flashes... poderia muito bem ser o primo europeu de qualquer disco dos GY!BE, uma narrativa de hora e meia onde as palavras são o que menos importam - e as únicas palavras que aqui temos são as dos títulos das canções. O cenário é de desolação e questões existenciais: "Watching The Stone Of Celestial Flaw Rush Down"; "In A Realm Of Wander Behold The Fleeting Shadows Exclaim In Delight"; "For Seconds He Felt The Grandeur Of Devastation"; e "Together We Transcend Into This Wreckage Called Heart". Pelo meio, drones e guitarras eléctricas (e uma ocasional tuba) vão tecendo a banda-sonora. Nem negro, nem branco, apenas um enorme cinza.
The Sky Flashes... é, sobretudo, um enorme poema sonoro (aliás, o seu título é retirado de um verso do poeta norte-americano John Berryman), exigindo concentração máxima por parte do seu ouvinte - ou seja, nada de o colocar como pano de fundo para qualquer actividade do dia-a-dia nem de o escutar meramente porque se pode. É um disco que merece - e deve - ser constantemente apreciado, deglutido, quem sabe até citado pelas selvas urbanas desse mundo fora. Não tentem é contê-lo, arriscando no processo a sanidade e talvez até a vida.
Paulo CecÃlioThe Sky Flashes... é um excelente exemplo daquilo que, para um nerd dos que escrevem sobre música, se assume como um verdadeiro sonho molhado: um álbum que, apesar de tão cheio de referências de valor, se acaba por se tornar inclassificável, existindo singularmente na cadeia alimentar dos géneros. Faz sentido que seja editado numa label dedicada ao jazz, apesar de não ser (ou não ser apenas) jazz - mas, seja como for, o que é o jazz?
Alicerçado em crescendos e paisagens ambientais, bem como num trabalho de bateria notável, The Sky Flashes... poderia muito bem ser o primo europeu de qualquer disco dos GY!BE, uma narrativa de hora e meia onde as palavras são o que menos importam - e as únicas palavras que aqui temos são as dos títulos das canções. O cenário é de desolação e questões existenciais: "Watching The Stone Of Celestial Flaw Rush Down"; "In A Realm Of Wander Behold The Fleeting Shadows Exclaim In Delight"; "For Seconds He Felt The Grandeur Of Devastation"; e "Together We Transcend Into This Wreckage Called Heart". Pelo meio, drones e guitarras eléctricas (e uma ocasional tuba) vão tecendo a banda-sonora. Nem negro, nem branco, apenas um enorme cinza.
The Sky Flashes... é, sobretudo, um enorme poema sonoro (aliás, o seu título é retirado de um verso do poeta norte-americano John Berryman), exigindo concentração máxima por parte do seu ouvinte - ou seja, nada de o colocar como pano de fundo para qualquer actividade do dia-a-dia nem de o escutar meramente porque se pode. É um disco que merece - e deve - ser constantemente apreciado, deglutido, quem sabe até citado pelas selvas urbanas desse mundo fora. Não tentem é contê-lo, arriscando no processo a sanidade e talvez até a vida.
pauloandrececilio@gmail.com
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