DISCOS
Leviatã
I EP
· 07 Abr 2015 · 10:19 ·
Leviatã
I EP
2015
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Leviatã
Leviatã
I EP
2015
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Leviatã
É melhor não escrever que a "Pirata" soa a xx ou ainda me batem, por isso vou divagar.
Imaginem que dão por vós no Cais do Sodré, com os comboios da linha totalmente parados devido a uma greve; imaginem ainda que por aí ficam, retidos, cerca de hora e meia, até procurarem perceber se valerá a pena arriscar um transporte alternativo - e gastar o triplo do que gastariam - ou voltar para casa antes que uma chuvada grossa vos leve qualquer réstia de sanidade que ainda possuam na moleirinha; e imaginem, por último, que aliado a tudo isto os Ferrero Rocher que devoraram no domingo de Páscoa decidiram dar um ar da sua graça nas profundezas do vosso intestino grosso. Seria chato, não é?

E, por ser chato, a mente divaga e procura outra coisa com a qual se entreter, enquanto os comboios não surgem nem para um lado nem para o outro e a perspectiva de trabalhar a partir de casa ganha cada vez mais força. É mais ou menos esta a história dos Leviatã: sem comboios, sem greves, e tanto quanto se sabe sem Ferrero Rocher, mas com um profundo tédio a servir de motor para este seu primeiro EP. Tédio esse que teve origem nos sucessivos adiamentos de Amor Vezes Quatro, EP dos Ermo lançado há um par de semanas, e que juntou Bernardo Barbosa - que aí se ocupa da electrónica - a Marco Duarte.

O resultado? Uma grandíssima malha - "Pirata", logo a abrir - e outras três que dão boas perspectivas para o que os Leviatã podem vir a fazer no futuro. Nota-se em I que este projecto não se trata de mero capricho ou acaso fortuito, mas de algo planeado com pés e cabeça; disco e datas ao vivo seguir-se-ão, dizem-nos. Para já, vamos mergulhando na raiz pós-punk, de groove distendido ao máximo e guitarra tropical, de coisas como a supracitada e "Caça Morta". E «vamos mergulhando» porque chegamos a "Neptuno" e quase nos afogamos com a toada subaquática da coisa. Fossem todos os minutos de tédio assim.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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