De quando em vez chega-nos às mãos, humildes ouvintes de tudo o que a música tem para oferecer, algo de minimamente surpreendente, uma proposta que torna um pouco mais difícil o exercício de catalogação. Podem passar dias, podem passar meses, mas de quando em vez temos a sorte de dar de caras com algo que saia fora dos moles nem que seja por alguns centímetros.

Yannick Ilunga, um jovem de 24 anos originário de Cape Town, tem vindo nos últimos tempos a aprimorar a sua ideia muito pessoal de canção. E o que se pode ouvir no EP que marca a sua estreia enquanto Petite Noir na Domino, é um fascinante exercício de não conformidade.

Dura menos do que vinte e cinco minutos mas as cinco canções que fazem parte do EP The King of Anxiety têm no seu ADN algo de bastante próprio. No limite serão aceites as comparações com, por exemplo, os TV on the Radio ou os TV on the Radio, mas a ponte que Yannick Ilunga construiu com a música africana baralha irremediavelmente as contas do jogo. E depois há outro elemento em grande destaque: a sua impressionante voz.

É verdade que "Come inside" é o momento do EP em que essa ligação com África surge de forma mais evidente mas há sempre algo nas restantes canções que acrescenta uma virgula à história que conhecemos da música indie. Senão ouçam a belíssima "Chess". Se é verdade que fica a ideia que Yannick Ilunga podia ter ido mais longe, também o é que este é ainda o primeiro ensaio a sério para o que está ainda por chegar. E o que aí vem promete - e muito.