Depois de Love, um dos discos mais surpreendentes de 2014, o mundo - passe-se o exagero - ficou em estado de alerta. Foi aí que, após várias experiências solitárias, Damon McMahon escreveu - com a ajuda de uma enorme multidão de talento - o primeiro disco do resto a vida dos Amen Dunes.

O registo sucessor do todo poderoso Love não é um disco, mas sim um EP. Um EP com seis temas que - não que haja algum problema com isso - é uma espécie de extensão desse mesmo disco. Em todos os aspectos e mais alguns. E, até prova em contrário, não pretende ser mais do que isso. Uma extensão.

Bastaria quase a brilhante versão de "Song to the Siren" (o original é de Tim Buckley mas a versão, diz McMahon, é dos This Mortal Coil) para dar este EP como proveitoso. Mas felizmente há mais. Há a o rock rasteiro e lo fi de "I Can't Dig It (China Street Blues)" e "Green Eyes (Music Blues)" ou a beleza quase solitária e essencialmente acústica de "I Know Myself (Montreal)".

Há acima de tudo um Damon McMahon a fazer aquilo que sabe melhor: contar histórias enquanto uma pequena muralha sonora mais ou menos volumosa se constrói por trás sem esforço aparente, impondo a simplicidade de movimentos como plano de acção, afirmando a melancolia como forma de redenção - ou arma. E com mais uma pequena vitória para a sala de troféus.