É assim. 2014 acaba de acabar e rapidamente começa a ser fácil perceber quais os discos que passaram ao lado dos radares da grande maioria. Nessa lista, que pode muito bem valer milhões aí no mercado negro, estará certamente o novo disco de Phil Selway, conhecido por ser o baterista dos Radiohead.

Weatherhouse, legitimo sucessor de Familial, é, indo directamente ao assunto, um exercício pop de altíssimo bom gosto. Para além de significar um salto estético e sónico em relação ao seu antecessor, o novo registo de Phil Selway tem ainda o dom de revelar - ou sublinhar - a sua importância na máquina dos Radiohead.

Este terceiro parágrafo não fará referências à banda onde milita Phil Selway porque este disco vive muito para além da sua filiação. Ao longo de duas mãos cheias de canções, o britânico mostra-se um exímio construtor de uma pop que tem tanto de subtileza como tem de vibrante. Mesmo quando os arranjos se agigantam, há sempre espaço em Weatherhouse para respirar.

Logo a abrir, "Coming up for air" (prometemos que o trocadilho não é propositado) é o exemplo mais perfeito do sucesso de um disco como este. Tudo nessa canção é ar, e espaço, e equilíbrio. E beleza, aproveite-se. Pode não ser um disco verdadeiramente surpreendente na sua missão, mas Weatherhouse é uma espécie de homenagem à simplicidade, à auto-suficiência. E com um sucesso muito respeitável.