Há música que acusa totalmente o seu tempo; há música que gosta de jogar com as noções de tempo - e espaço, já agora; há música que chegou antes e depois do seu tempo: e depois há aquela que não pertence a tempo algum e que precisa de pouco ou nenhum tempo para se instalar, tirar os sapatos, sentar-se no sofá e invadir os sonhos de cada um. É o caso de Foxes in Fiction.

Healing Pop. É o que lhe chama o canadiano Warren Hildebrand, empreiteiro desta obra. Mas chamar-lhe dream pop não lhe magoará certamente os sentimentos. As suas canções são pequenas na ambição mas grandes na fantasia. As sete canções do seu segundo disco são canções de charme, de recolhimento, texturalmente apuradíssimas e perfeitamente conscientes no que toca a ambientes e conforto sónico.

Com a colaboração de Owen Pallett em mais de metade do disco, e com a ajuda de mais uma mão cheia de convidados (sobretudo nas vozes), Warren Hildebrand construiu um puzzle de infindáveis belezas. Felizmente isto não tem nada de ficção; é tudo realidade. E ele tem razão; há qualquer coisa de curativo na sua música. Não é comum dizer-se mas aqui vai: esperemos que esta terapia dure durante muito tempo.