DISCOS
Aphex Twin
Syro
· 29 Set 2014 · 10:31 ·

Aphex Twin
Syro
2014
Warp
Sítios oficiais:
- Aphex Twin
- Warp
Syro
2014
Warp
Sítios oficiais:
- Aphex Twin
- Warp

Aphex Twin
Syro
2014
Warp
Sítios oficiais:
- Aphex Twin
- Warp
Syro
2014
Warp
Sítios oficiais:
- Aphex Twin
- Warp
22 anos volvidos. O disco.
A pavorosa colectânea de restos, bocejante, … I Care Because You Do (1995) testou a resistência em relação ao material que era publicado em EP´s. A pasmante insignificância estética de um disco assinado em nome próprio (1996), revelou Richard D. James apaixonado pela sua própria figura; o homem deixou pura e simplesmente de se preocupar em ser músico, produtor: tal como os The Prodigy (de The Fat of The Land), distorcer a figura real para transmutar para uma figura grotesca electro-IDM-gore a que o mercado pudesse rotular nova onda punk (com postura niilista só para ignorar a componente política da onda – vazia.); contemplem-se os vídeo clips “Come To Daddy” (Aphex Twin; 1997) ou “Smack My Bitch Up” (The Prodigy; 1997) para se constatar a violência (hardcore) da necessidade ardente de possuir corpos. Mais um Ep (Windowlicker, exponencialmente ambíguo, divertido para uma noitada disposta a leve delírio), e depois veio Drukqs (quinto álbum de originais) e a parcimónia da programação rítmica no esplendor cacofónico e histérico enquanto a melodia esforçava-se para criar um fio condutor esteticamente credível.
1992 Surfing On Sine Waves: a mais coerente obra em longa duração de Richard D. James. Tirando as marcantes antologias Selected Ambient Works 85-92 e Selected Ambient 2, o nome Aphex Twin impressionou pelo ardente exprimentalismo da primeira série de Analogue Bubblebath (1991-92); o desafiante EP Digeridoo (1992); e (pela impecável coerência estética) o EP On (1993). Os álbuns, aqueles, negligenciáveis por crer consequente. Da excitação mediática, a sobriedade. Analord como AFX serviu como descompressão (2005), ou o início de uma viagem verdadeira, interior? Aquela viagem?
2014 E o presente, Syro, não se revela muito diferente do passado. Aphex Twin envelheceu na sua viagem com uma singularidade pertinente: a sua juventude transformou-se em qualquer coisa palpável, a sua acutilância perseverou, o ideal estético foi depurado; há o gosto do rumo. O mais notável, e é aqui que ficamos particularmente impressionados com este disco, de uma maturidade invulgar, há um gosto pela composição como desafio permanente: os padrões sonoros estão constantemente em transformação; mutuam descompassadamente; há uma lógica orgânica que dá prazer pela revelarão de um novo perfume, odor ou irritação eloquente, sempre agradável; um novo som, novo ritmo, nova textura, a constante mutação: a música vive. A antiga esquizofrenia apresenta-se sóbria e divertida, as melodias fazem parte do todo, não um mero acessório.
Desta vez há uma panóplia de géneros musicais identificáveis que mergulha no poço da electrónica académica de Richard D. James e sobrevive para contar a aventura. Em abstracta construção, jazz, tecno, funk, hip-hop conseguem conviver com o IDM clássico e erguer mais-valia estética. Aphex Twin deixou de ser obtuso, petulante, cientista, o inventor de um futuro com demasiadas equações snobs. Felizmente, Richard D. James percebeu que não bastava atirar barro à parede para ser eternamente uma referência: Syro é um assombroso exercício de especulação que pega nos últimos três discos de Aphex Twin, baralha tudo, elimina a aparência e a pretensão, e na verdade se apresenta como um genuíno trabalho de autor. Não há novidade, no sentido da invenção da roda, mas há a reinterpretação madura do IDM, e do que poderia ser, ou gostaríamos. E acaba a ser intemporal porque James não quer saber do tempo. Produz descomprometido. Finalmente um disco de Aphex Twin; ele próprio! Finalmente uma obra que não soa a restos. 22 anos depois, um disco com principio, meio e fim.
Rafael Santos1992 Surfing On Sine Waves: a mais coerente obra em longa duração de Richard D. James. Tirando as marcantes antologias Selected Ambient Works 85-92 e Selected Ambient 2, o nome Aphex Twin impressionou pelo ardente exprimentalismo da primeira série de Analogue Bubblebath (1991-92); o desafiante EP Digeridoo (1992); e (pela impecável coerência estética) o EP On (1993). Os álbuns, aqueles, negligenciáveis por crer consequente. Da excitação mediática, a sobriedade. Analord como AFX serviu como descompressão (2005), ou o início de uma viagem verdadeira, interior? Aquela viagem?
2014 E o presente, Syro, não se revela muito diferente do passado. Aphex Twin envelheceu na sua viagem com uma singularidade pertinente: a sua juventude transformou-se em qualquer coisa palpável, a sua acutilância perseverou, o ideal estético foi depurado; há o gosto do rumo. O mais notável, e é aqui que ficamos particularmente impressionados com este disco, de uma maturidade invulgar, há um gosto pela composição como desafio permanente: os padrões sonoros estão constantemente em transformação; mutuam descompassadamente; há uma lógica orgânica que dá prazer pela revelarão de um novo perfume, odor ou irritação eloquente, sempre agradável; um novo som, novo ritmo, nova textura, a constante mutação: a música vive. A antiga esquizofrenia apresenta-se sóbria e divertida, as melodias fazem parte do todo, não um mero acessório.
Desta vez há uma panóplia de géneros musicais identificáveis que mergulha no poço da electrónica académica de Richard D. James e sobrevive para contar a aventura. Em abstracta construção, jazz, tecno, funk, hip-hop conseguem conviver com o IDM clássico e erguer mais-valia estética. Aphex Twin deixou de ser obtuso, petulante, cientista, o inventor de um futuro com demasiadas equações snobs. Felizmente, Richard D. James percebeu que não bastava atirar barro à parede para ser eternamente uma referência: Syro é um assombroso exercício de especulação que pega nos últimos três discos de Aphex Twin, baralha tudo, elimina a aparência e a pretensão, e na verdade se apresenta como um genuíno trabalho de autor. Não há novidade, no sentido da invenção da roda, mas há a reinterpretação madura do IDM, e do que poderia ser, ou gostaríamos. E acaba a ser intemporal porque James não quer saber do tempo. Produz descomprometido. Finalmente um disco de Aphex Twin; ele próprio! Finalmente uma obra que não soa a restos. 22 anos depois, um disco com principio, meio e fim.
r_b_santos_world@hotmail.com
ÚLTIMOS DISCOS


ÚLTIMAS