Há algo de realmente confortável em regressar aos mesmos lugares comuns e descobrir com, uma pontada quente de felicidade, que está tudo na mesma. Há mais anos do que aqueles que me quero lembrar, tropecei acidentalmente no catálogo da Fat Cat e com ele acabei por ficar preso num pequeno poço com tanto espaço para a diversão como para o aborrecimento total. Acabei por encostá-la a um canto obscuro da minha memória, até ao dia em que este Wooden Aquarium me caiu no colo para ajudar a esquecer que as férias já acabaram – e claro, o selo é da Fat Cat.

Não é que acredite em coincidências, mas calhou bem encontrar um disco fácil, que não muda o mundo, e até faz subir os níveis mínimos de bom-humor nesta altura estúpida do ano. Sem chonices, Wooden Aquarium é talhado com a mesma foice fuzzy que bem serve os Dinosaur Jr., mas a uma distância suficientemente segura para que nunca chegue a colar-se à formula de J. Mascis e companhia. Mesmo quando a banda se mostra permeável a outras influências – "Salford" traz-nos ecos de uma Inglaterra a horas de se dividir -, fá-lo de forma diluída, até que nada reste senão canções com boa onda q.b. para fazer abanar a cabeça no meio da rua.

Ouvindo a dose generosa de boa disposição que é servida logo em "Astigmatism", ninguém diria que este disco foi gravado em duas semanas, no meio de tempestades de neve e num regime de quase isolamento. A dita boa-disposição ainda se prolonga até às incontornáveis "Salford" e "Ripp" e não se perde nem quando a introspecçao ébria de "Explode into Colo(u)rs" dobra a esquina à terceira malha. Talvez a produção pudesse ser mais apurada e até se agradecia alguma apetência para a divagação espacial, mas quando um disco nos atira com uma espécie de verão para cima sem lhe pedirmos nada, quem somos nós para dizer que não?