DISCOS
Simão Costa
π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION
· 08 Set 2014 · 15:44 ·
Simão Costa
π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION
2014
Shhpuma
Sítios oficiais:
- Shhpuma
π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION
2014
Shhpuma
Sítios oficiais:
- Shhpuma
Simão Costa
π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION
2014
Shhpuma
Sítios oficiais:
- Shhpuma
π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION
2014
Shhpuma
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Pare, escute e olhe.
You listen what I hear, especifica Simão Costa antes de colocarmos o CD de π_ANO... na aparelhagem. O novo trabalho do músico, editado pela Shhpuma, coloca-nos desde logo uma questão interessante: o que significa, ao fim e ao cabo, "ouvir música"? Captar uma melodia, uma letra, ou até mesmo um erro com os nossos próprios ouvidos? Prestar atenção a cada detalhe e cada gesto, reconhecer e desfragmentar cada pedacinho de som? Embrenharmo-nos a fundo naquilo que a posteriori reconhecemos como sendo "a música" e rejeitar qualquer som que venha de fora dessa, ora num concerto ou numa audição caseira, em colunas ou headphones?
Seja qual for a definição que escolhermos, todas elas partem do mesmo princípio - o de que somos nós próprios a ouvir essa música, com os nossos próprios sentidos e a nossa maneira, sempre individual, de percepcionar aquilo que se passa. Com π_ANO... é diferente; escutamos aquilo que Simão Costa escuta, o que captamos é o que ele captou enquanto gravava. Não é um disco, portanto, que possa ser ouvido como qualquer outro disco. Há que primeiro vestir a pele de outrem, rejeitar por uma hora as nossas concepções daquilo que é "escutar" ou sequer "música"...
Para além do debate filosófico, π_ANO... é um álbum difícil até mesmo dentro da música mais "ousada" - porque é um álbum vivo e não um objecto sonoro estático, porque ouvimos o músico a mexer-se enquanto modifica computadorizadamente o som, enquanto toca ao de leve no seu piano, enquanto um e outro timbre nos atravessa o cérebro viajando em metal. Difícil porque não o conseguimos domar por nós próprios, porque é liberto e selvagem. Porque não o conseguimos tornar "nosso" como tornamos um e outro disco, uma e outra canção. Difícil e fascinante pelo mesmo motivo. A liberdade passa certamente por aqui.
Paulo CecÃlioSeja qual for a definição que escolhermos, todas elas partem do mesmo princípio - o de que somos nós próprios a ouvir essa música, com os nossos próprios sentidos e a nossa maneira, sempre individual, de percepcionar aquilo que se passa. Com π_ANO... é diferente; escutamos aquilo que Simão Costa escuta, o que captamos é o que ele captou enquanto gravava. Não é um disco, portanto, que possa ser ouvido como qualquer outro disco. Há que primeiro vestir a pele de outrem, rejeitar por uma hora as nossas concepções daquilo que é "escutar" ou sequer "música"...
Para além do debate filosófico, π_ANO... é um álbum difícil até mesmo dentro da música mais "ousada" - porque é um álbum vivo e não um objecto sonoro estático, porque ouvimos o músico a mexer-se enquanto modifica computadorizadamente o som, enquanto toca ao de leve no seu piano, enquanto um e outro timbre nos atravessa o cérebro viajando em metal. Difícil porque não o conseguimos domar por nós próprios, porque é liberto e selvagem. Porque não o conseguimos tornar "nosso" como tornamos um e outro disco, uma e outra canção. Difícil e fascinante pelo mesmo motivo. A liberdade passa certamente por aqui.
pauloandrececilio@gmail.com
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