DISCOS
Ben Watt
Hendra
· 27 Jun 2014 · 14:40 ·

Ben Watt
Hendra
2014
Unmade Road
Sítios oficiais:
- Ben Watt
Hendra
2014
Unmade Road
Sítios oficiais:
- Ben Watt

Ben Watt
Hendra
2014
Unmade Road
Sítios oficiais:
- Ben Watt
Hendra
2014
Unmade Road
Sítios oficiais:
- Ben Watt
Amigas da rádio, amigas da alma.
Ao contrário de Dean Wareham, Ben Watt não precisou de abandonar a sua banda para se começar a mostrar a solo - já antes dessa maravilha pop que eram os (desaparecidos?) Everything But The Girl já o músico britânico se havia aventurado enquanto songwriter num bonito disco editado em 1983, intitulado North Marine Drive, conjunto de canções folk mirando a chuva incessante da sua terra-natal e prenúncio daquilo que posteriormente faria aliado à mulher, Tracey Thorn, e às electrónicas que então despontariam. Mas, como Wareham, Watt entra em 2014 como que querendo provar algo ao mundo, editando um disco pleno de criatividade e de melodias capazes de encher a mais insegura das almas. Hendra, trinta e um anos após a sua estreia em nome próprio, está lado a lado com as incursões psychy de Dean Wareham, sendo mais soft na sua abordagem ao formato canção e preferindo a simplicidade ao êxtase. Precisávamos mesmo de um disco assim.
Logo a abrir, o tema-título: uma pequena salva com o sintetizador e de pronto a guitarra, suave, maravilhosa. These runes are cold, but heavenly / And the sun is shining / You know what they say / About silver and lining, versos para captar de imediato a nossa atenção - como se fosse preciso - e uma canção tão amarga quanto doce, como se estivéssemos perante alguém acabado de chegar à música, alguém descrevendo a dor do alto dos seus vinte e poucos anos e da depressão que normalmente se encontra nesta faixa etária. Vem à memória, talvez, a força gigantesca de "Wicked Game", mas menos espampanante, mais ao osso. Depois entramos em "Forget", fazemos exactamente o que o título nos pede, e envolvemo-nos no traço jazzy da canção - não esquecer que Watt, e os EBtG, apreciavam sobremaneira o género.
Em quarenta e cinco minutos Watt fez o que muitos songwriters, novos e antigos, procuram fazer uma vida inteira: um disco recheado de belíssimos momentos e canções, um trabalho que em circunstâncias normais venderia milhares de discos pela sua qualidade e não pela estratégia de marketing a ele associada. Em quarenta e cinco minutos encontramos imensas pérolas, da bossa de "Golden Ratio", passando pela história contada em tons country em "The Gun", à subtileza gaze de "The Levels" e o lamento alcoólico de "Young Man's Game", mas nenhuma brilhará tão fortemente como "Nathaniel", com uma guitarra Knopfleriana e um ritmo acelerado a erguerem bem alto a mais radio-friendly das canções de Hendra - e isto é um elogio: que passem em todos os lados, que cheguem democraticamente a toda a gente, que estas canções bem que merecem. Está encontrado o disco pop do ano.
Paulo CecílioLogo a abrir, o tema-título: uma pequena salva com o sintetizador e de pronto a guitarra, suave, maravilhosa. These runes are cold, but heavenly / And the sun is shining / You know what they say / About silver and lining, versos para captar de imediato a nossa atenção - como se fosse preciso - e uma canção tão amarga quanto doce, como se estivéssemos perante alguém acabado de chegar à música, alguém descrevendo a dor do alto dos seus vinte e poucos anos e da depressão que normalmente se encontra nesta faixa etária. Vem à memória, talvez, a força gigantesca de "Wicked Game", mas menos espampanante, mais ao osso. Depois entramos em "Forget", fazemos exactamente o que o título nos pede, e envolvemo-nos no traço jazzy da canção - não esquecer que Watt, e os EBtG, apreciavam sobremaneira o género.
Em quarenta e cinco minutos Watt fez o que muitos songwriters, novos e antigos, procuram fazer uma vida inteira: um disco recheado de belíssimos momentos e canções, um trabalho que em circunstâncias normais venderia milhares de discos pela sua qualidade e não pela estratégia de marketing a ele associada. Em quarenta e cinco minutos encontramos imensas pérolas, da bossa de "Golden Ratio", passando pela história contada em tons country em "The Gun", à subtileza gaze de "The Levels" e o lamento alcoólico de "Young Man's Game", mas nenhuma brilhará tão fortemente como "Nathaniel", com uma guitarra Knopfleriana e um ritmo acelerado a erguerem bem alto a mais radio-friendly das canções de Hendra - e isto é um elogio: que passem em todos os lados, que cheguem democraticamente a toda a gente, que estas canções bem que merecem. Está encontrado o disco pop do ano.
pauloandrececilio@gmail.com
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