DISCOS
Sax Shop
Diabo Amado [EP]
· 25 Jan 2004 · 08:00 ·
Sax Shop
Diabo Amado [EP]
2003
Ed. Autor


Sítios oficiais:
- Sax Shop
Sax Shop
Diabo Amado [EP]
2003
Ed. Autor


Sítios oficiais:
- Sax Shop
Não é querer dizer mal porque sim. É somente não fazer apelo ao saber livresco para escrever uma resenha, atabalhoadamente simpática, de mais uma palpitação do luso beat. Os Sax Shop começaram em 1999 na vila nortenha de Carvalhos, perderam por um ponto a prestação na final do Termómetro Unplugged 2002, e lançaram no ano que passou o EP Diabo Amado, em edição de autor. Se os quatro temas que o constituem são uma desilusão, o artwork também não ajuda à festa. Um demónio vermelho a tocar saxofone contra um fundo negro, triangular. Pior só mesmo um pentagrama numa jam session com figuras geométricas.

A começar, “Já Está! (Assalto à Mão Armada)” é um achaque de mau gosto, um desatino histriónico e sem norte. Há quem identifique King Crimson, magos do prog-rock, algures na música dos Sax Shop. Pois… e até Joe Satriani, um virtuoso da guitarra. A primeira aproximação é abusada, a segunda pode ser legítima mas muito pouco apurada. E nunca o virtuosismo foi condição de excelência, menos ainda quando se trata de dar vazão a um chorrilho de notas desabrigadas e lamúrias infelizes como no tema-título. “Espantástico Fantoso” é só à pancada, pelo título e pela arquitectura sonora próxima da cacofonia. Destaca-se “Bar do Keimate” por tratar-se do pior tema do EP e um dos piores dos últimos… ergh... alguém ajuda? “Este tormento não tem fim”, ora era mesmo isso que faltava.

Pouco interessa se se encontram aqui franjas de reggae, ska, jazz, funk ou o diabo a quatro. Diabo Amado é um disco gorado, que, a haver justiça neste mundo, não passaria ao lado da pena censória, se as preocupações desta tivessem o fundamento de uma prescrição médica. Talvez se o Diabo usasse eyeliner ou assim... Mas nem isso. A homografia entre “Sax Shop” e “sex shop” tem menos de evidente do que de absurdo. E, de resto, para satisfazer aquelas pulsões mais íntimas, aconselha-se uma visita a bordéis mais aprumados. Ou não dissessem os próprios “quero essa dor carnal”. É português? Podia gostar, mas não.
Hélder Gomes
hefgomes@gmail.com

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