O nome Luzmila Carpio não desperta imediato reconhecimento mas na Bolívia, país onde nasceu, é uma espécie de símbolo nacional. A residir actualmente em Paris, é desde 2006 embaixadora cultural da Bolívia no país francês. E com toda a lógica: a música de Luzmila Carpio não é apenas música. É um testemunho de resistência cultural.

Apesar de estar longe das lides musicais que ditam a obrigação dos discos e dos concertos, Luzmila Carpio viu a editora francesa Almost Musique editar algum material registado há cerca de vinte anos. Os temas recolhidos nesta compilação, intitulada Yuyay Jap'ina Tapes, foram inicialmente criados a convite da UNICEF que lançou a Luzmila o desafio de produzir uma série de discos que de certa forma ajudassem a preservar a tradição oral e cultural dos povos ameríndios.

As dezassete canções e melodias que se podem ouvir em Yuyay Jap'ina Tapes representam a herança musical da região de Potosi. Instrumentalmente, as canções fazem-se dos sons do charango (uma espécie de alaúde boliviano), guitarras, flautas e percussão. Mas é a voz de Luzmila Carpio e as suas inúmeras variações e amplitudes que faz destas canções verdadeiros tesouros.

Temas como “Yanapariway takiriyta”, “Warmip kawysayin” ou “Warmikuna yupay-chaqapuni kasunchik” são espantosas pela sua riqueza melódica e rítmica, pela amplitude sonora e pela sua universalidade. Escusado será dizer que Yuyay Jap'ina Tapes é um documento precioso. Pela primeira vez disponíveis em CD, estes temas são muito mais do que um cartão de visita da música de Luzmila Carpio. São o testemunho de uma cultura e de um povo.