DISCOS
Escape Pod
Losing Control
· 21 Jan 2004 · 08:00 ·

Escape Pod
Losing Control
2003
Dead Digital
Sítios oficiais:
- Dead Digital
Losing Control
2003
Dead Digital
Sítios oficiais:
- Dead Digital

Escape Pod
Losing Control
2003
Dead Digital
Sítios oficiais:
- Dead Digital
Losing Control
2003
Dead Digital
Sítios oficiais:
- Dead Digital
Os Escape Pod habitam num daqueles desvios do bravio oceano que nem são muito escuros nem se encontram suficientemente perto da superfície para ter uma claridade ajustada à sua real excelência. Passamos muitas vezes ao seu lado, mas demasiadas dessas vezes – quase sempre – a indiferença apodera-se e controla o fluxo que, segundo após segundo, bombeia o sangue no engenho da descoberta. Seguro é que se deambularmos vagarosa e descomprometidamente, ou alguém nos indicar o caminho, ali colidimos com fácil refúgio e aconchego. Porque só o peixe miúdo lá consegue penetrar, e por isso é nele que se esconde muitas vezes dos fortes predadores que buscam subsistência naquela que, seja no oceano ou noutro lugar qualquer, é denominada lei da selva – a da sobrevivência.
Losing Control, segundo lançamento do trio Escape Pod (dos ex-estudantes de fotografia, feitos amigos desde então, Marc, David e Ray) depois de um disco pela Rex Records, é uma pequena pérola escondida em trono imperial. Um sete polegadas que contém languidos mas deliciosos pedaços de pop acústica. Chamem-lhe electro-folk, narco-folk ou tronic-folk, há uma busca permanente em torno de uma ideia de folk actual, indubitavelmente abeirada a máquinas que potenciam e criam ambientes que desempenham a função de batedores que buscam caminhos e abrem pequenas frestas que levam, quase sempre, a percursos persuasivamente insinuantes.
Habitam na mesma editora que também alberga os Pulby, a Dead Digital, e por isso partilham ambos algumas consanguinidades particulares. Porém, onde aqueles são Boards of Canada ao dobro da velocidade, sem perder toda a magia etérea, os Escape Pod são Pixies convertidos em versão séc. XXI, são o Beck que se encontra algures entre Midnite Vultures e Sea Change, ou aquilo que seriam os Beach Boys se a sua música contivesse as tecnologias que assaltaram os estúdios – também, e sobretudo, caseiros – de hoje. Ouvir Losing Control, a música, é uma actividade que nos prende à terra pela experiência sensorial que comporta e pela lucidez evidenciada. Faz dos ouvintes participantes activos, mas cede de quando em quando um laivo de descanso. Simplificando, música imaculada em corpo de femme fatale por iniciativa própria. Já Change of Pace, o lado B, consegue ser mais clarividente. Conquanto Losing Control sabe a pouco, Change of Pace eleva a parada, torna o dedilhar da guitarra de tal forma desavergonhado que se imaginam as vibrações em câmara lenta, modo zoom de David Fincher. Os coros aliciam pela vivência, cativam pela conjugação natural de todos os elementos. Ouvir este vinil nos dias que correm (até porque é praticamente impossível arranjar na internet em mp3, a não ser encomendando) é não só apreender que alguns dos mais interessantes sons da actualidade permanecem escondidos no tal buraco em oceano de correntes fortes, mas sobretudo que a música jamais perecerá. E nada sabe tão bem quanto isso.
Tiago GonçalvesLosing Control, segundo lançamento do trio Escape Pod (dos ex-estudantes de fotografia, feitos amigos desde então, Marc, David e Ray) depois de um disco pela Rex Records, é uma pequena pérola escondida em trono imperial. Um sete polegadas que contém languidos mas deliciosos pedaços de pop acústica. Chamem-lhe electro-folk, narco-folk ou tronic-folk, há uma busca permanente em torno de uma ideia de folk actual, indubitavelmente abeirada a máquinas que potenciam e criam ambientes que desempenham a função de batedores que buscam caminhos e abrem pequenas frestas que levam, quase sempre, a percursos persuasivamente insinuantes.
Habitam na mesma editora que também alberga os Pulby, a Dead Digital, e por isso partilham ambos algumas consanguinidades particulares. Porém, onde aqueles são Boards of Canada ao dobro da velocidade, sem perder toda a magia etérea, os Escape Pod são Pixies convertidos em versão séc. XXI, são o Beck que se encontra algures entre Midnite Vultures e Sea Change, ou aquilo que seriam os Beach Boys se a sua música contivesse as tecnologias que assaltaram os estúdios – também, e sobretudo, caseiros – de hoje. Ouvir Losing Control, a música, é uma actividade que nos prende à terra pela experiência sensorial que comporta e pela lucidez evidenciada. Faz dos ouvintes participantes activos, mas cede de quando em quando um laivo de descanso. Simplificando, música imaculada em corpo de femme fatale por iniciativa própria. Já Change of Pace, o lado B, consegue ser mais clarividente. Conquanto Losing Control sabe a pouco, Change of Pace eleva a parada, torna o dedilhar da guitarra de tal forma desavergonhado que se imaginam as vibrações em câmara lenta, modo zoom de David Fincher. Os coros aliciam pela vivência, cativam pela conjugação natural de todos os elementos. Ouvir este vinil nos dias que correm (até porque é praticamente impossível arranjar na internet em mp3, a não ser encomendando) é não só apreender que alguns dos mais interessantes sons da actualidade permanecem escondidos no tal buraco em oceano de correntes fortes, mas sobretudo que a música jamais perecerá. E nada sabe tão bem quanto isso.
tgoncalves@bodyspace.net
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