DISCOS
Juçara Marçal
Encarnado
· 24 Mar 2014 · 11:24 ·
Juçara Marçal
Encarnado
2014
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Juçara Marçal
Encarnado
2014
Ed. de Autor
Sítios oficiais:
- Juçara Marçal
Juçara Marçal
Encarnado
2014
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- Juçara Marçal
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2014
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- Juçara Marçal
Um bom dia para morrer.
Encarnado, o disco de estreia de Juçara Marcal (a solo) , tem sentido de oportunidade. Chegou com os dias quentes, os dias bonitos, aqueles que invariavelmente chamamos de bons dias para morrer. «Um dia breve, um dia azul», como canta Juçara, a abrir caminho por entre as correntes de feedback de “Velho Amarelo”. Podia ser mais um disco sobre a morte – já tanta gente escreveu sobre ela que, se provas precisássemos, Juçara entrega-nos em bandeja de prata dez músicas já escritas e cantadas por outros obcecados -, mas a verdade é que o disco melhora e surpreende a cada segundo.
É claramente filho do seu país, no sentido em que contém todo o sentido e oportunidade melódicas. A ideia é anunciada logo a abrir, na já citada “Velho Amarelo” e com ela vêm mais duas. A primeira é a toada experimental, por vezes free, que banha todo este disco; a outra é a quase ausência de assertividade rítmica. A ideia, bem aplicada, faz com que Juçara cante como quem olha a morte nos olhos, aprende a domá-la e a apaziguá-la. Só assim é capaz de nos segredar delicadamente a “Pena mais que perfeita” e nos convencer que, não podendo fugir à morte para sempre, ela não mete medo nenhum.
Mas palavras há que apontam claramente à crueza e à visceralidade e aí Juçara deixa que Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Thomas Rohrer a assumam através das rabecas, guitarras e cavaquinho. Com eles e as camadas de distorção e feedbacks que redundam em quasi-drones, o disco ganha um corpo e acima de tudo um contexto para os sentimentos que carrega a voz de Juçara. “Cirando do aborto” ou “E o Quico?”, de ambiente tenso e perturbador, talvez não fossem o que são sem eles… Mas a verdade é que os desconcertantes “Não tenha ódio no Verão” ou a “Velha da capa Preta” também não seriam nada sem Juçara ao lado deles e este entendimento pacífico, meus amigos, fazem deste um grande disco e dão-nos vontade e coragem para encolher os ombros perante a ideia de morrer num dia azul.
António M. SilvaÉ claramente filho do seu país, no sentido em que contém todo o sentido e oportunidade melódicas. A ideia é anunciada logo a abrir, na já citada “Velho Amarelo” e com ela vêm mais duas. A primeira é a toada experimental, por vezes free, que banha todo este disco; a outra é a quase ausência de assertividade rítmica. A ideia, bem aplicada, faz com que Juçara cante como quem olha a morte nos olhos, aprende a domá-la e a apaziguá-la. Só assim é capaz de nos segredar delicadamente a “Pena mais que perfeita” e nos convencer que, não podendo fugir à morte para sempre, ela não mete medo nenhum.
Mas palavras há que apontam claramente à crueza e à visceralidade e aí Juçara deixa que Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Thomas Rohrer a assumam através das rabecas, guitarras e cavaquinho. Com eles e as camadas de distorção e feedbacks que redundam em quasi-drones, o disco ganha um corpo e acima de tudo um contexto para os sentimentos que carrega a voz de Juçara. “Cirando do aborto” ou “E o Quico?”, de ambiente tenso e perturbador, talvez não fossem o que são sem eles… Mas a verdade é que os desconcertantes “Não tenha ódio no Verão” ou a “Velha da capa Preta” também não seriam nada sem Juçara ao lado deles e este entendimento pacífico, meus amigos, fazem deste um grande disco e dão-nos vontade e coragem para encolher os ombros perante a ideia de morrer num dia azul.
ant.matos.silva@gmail.com
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