O pianista Vijay Iyer tem-se confirmado, ao longo dos últimos anos, como um dos mais interessantes pianistas jazz do nosso tempo. A pertinência e actualidade da sua música só encontrará paralelo no trabalho de Jason Moran – embora trabalhando universos diversos. Os seus discos - sobretudo Historicity (2009), Solo (2010) e Accelerando (2012) - confirmaram-no como um dos mais originais vozes do piano e a sua actuação na Culturgest (Lisboa), em Maio de 2013, serviu para confirmar isso mesmo perante o público português.

Este novo disco representa a estreia de Iyer na prestigiada editora ECM e leva a música do pianista para outro patamar. O habitual jazz aberto de Iyer tem aqui uma clara aproximação música clássica, pela inclusão de um quarteto de cordas, que acrescenta uma dimensão camarística às composições originais. Este disco assenta essencialmente numa grandiosa suite “Mutations (I-X)”, divivida em dez partes, sendo aqui o piano de Iyer acompanhado por Miranda Cuckson e Michi Wiancko (violinos), Kyle Armbrust (viola) e Kibie Cahn-Lipman (violoncelo).

É nessa longa peça central que a música de Iyer se expande, com a piano a articular um perfeito diálogo com as cordas. Além dessa suite, o álbum completa-se com os temas “Spellbound and Sacrossant, Cowrie Shells and the Shimmering Sea” (piano solo), “Vuln, Part 2” e “When We’re Gone” (estas duas trabalhadas entre o piano e a electrónica). O projecto era à partida ambicioso, mas Iyer soube concretizá-lo com a sua habitual elegância. A ECM acaba de fazer uma grande contratação.