We Don’t Rock é um daqueles discos tão transparentes que se topa logo tudo com o título escolhido. Os holandeses Hidde van Schie e Jeroen S. Rozendaal não rockam de facto neste disco; no máximo, folkam ou electronicam ou ambientam. Não necessariamente por esta ordem, mas tudo junto. Eles chamam-lhe Xerox Euphoria e não devem andar muito longe da verdade. A exaltação neste disco é um lugar estranho.

Dizer que não se passa nada neste disco é o melhor elogio que lhe pode ser feito. Mas é também uma grande mentira. Com uma lupa, microscopicamente, We Don’t Rock tem todo o conjunto de pequenas criaturas a nascer no subsolo, timidamente, quase com medo de ver a luz. A beleza de We Don’t Rock esconde-se constantemente. Encontrá-la é um trabalho a tempo inteiro. Mas um trabalho altamente recompensador.

A espinha dorsal é a música electrónica ambiental mas o que nasce daí é tudo e mais alguma coisa. Pequenas canções que nunca chegam a sê-lo, uma variedade de instrumentos guitarras (acústicas e eléctricas) ao serviço da melodia e micro-ideias exploradas sem grandes propósitos nem objectivos. Um disco simples, irremediavelmente bonito e sem ser insosso. Parece fácil, mas não é.