Com o fim dos LCD Soundsystem, a editora norte-americana ficou com a função de porta-estandarte por preencher. Com Hot Chip e Juan MacLean momentaneamente de fora da corrida, os Holy Ghost! tiveram uma oportunidade para se chegar à frente. Felizmente, aproveitaram-na da melhor forma.

Sintetizadores usados a gosto, drum machines cheias de groove, space disco, house, dance punk e uma dupla beijada pela graça de deus: esta conjugação de ingredientes levou a que Dynamics não fosse apenas e só o segundo disco da dupla nova-iorquina. Nick Millhiser e Alex Frankel, que já temos na retina depois de alguns singles sumarentos lançados nos últimos anos, como “Hold On”, “Hold My Breath” ou “Wait & See”, decidiram guardar para 2013 o melhor de si. Nota-se não só nas ideias mais incisivas - que é o mesmo que dizer músicas mais bem construídos - mas sobretudo nos temas substancialmente mais envolventes – a começar logo na primeiro, pleonasmo ou não, “Okay” é um dos momentos mais bem conseguidos ao longo de todo o alinhamento, apostando num disco mais downtempo, cheio de reverb; há, depois, os arpeggios e violinos de “Bridge And Tunnel”, ou a clavinet louca da estupidamente dançável “Dumb Disco Ideas” – esta é quase decalcada de meia carreira dos LCD Soundsystem, mas o que são os Holy Ghost! senão uma réplica bem esgalhada dos primeiros?

O título do disco diz mais do que julgamos. Há mesmo uma dinâmica, uma diversidade que não lhes encontrávamos noutros tempos. Esta variação de cadências e texturas resulta num álbum que tinha tudo, sublinhe-se este tudo, para ser aborrecido. Em vez disso, estamos perante um dos discos mais cativantes de 2013 e, quase mais importante que isso, podemos morrer descansados, porque a DFA, se ficar com os Holy Ghost! ao leme, não fica mal entregue.