DISCOS
Pusha T
My Name Is My Name
· 13 Jan 2014 · 16:32 ·
Pusha T
My Name Is My Name
2013
Def Jam / GOOD


Sítios oficiais:
- Pusha T
- Def Jam
Pusha T
My Name Is My Name
2013
Def Jam / GOOD


Sítios oficiais:
- Pusha T
- Def Jam
So Bossy…
Malice mudou o nome para No Malice, e dedicou-se a religião. Assim sendo, o que poderia fazer a outra metade dos grandiosos Clipse? Aquilo que um bom “vendedor” faz. Arranjar uma lista de clientes e contactos de alto gabarito, explorar afincadamente os seus pontos fortes e vantagens competitivas, e com isso sacar de um dos melhores discos do 2013 que ainda agora terminou. Sim, Pusha-T é parte da crew G.O.O.D. Music, de Kanye West. Mas, tirando as várias produções do dito em ”My Name Is My Name”, ninguém diria. Repare-se na lista de produtores e convidados que Pusha trouxe. Rick Ross, Jeezy, Future, Pharrell, Hudson Mohawke, Kelly Rowland, The-Dream, Kanye West, Kendrick Lamar. E no fim do disco, conclua-se que, não só extraiu performances de grande nível de cada um deles (há muito que Jeezy não soava tão intenso como aqui), como consegue, ainda assim, ser o que mais se destaca. Tirando o caso do sensacional verso de Kendrick Lamar em “Nosetalgia”, Pusha exibe uma forma imbatível, explorando um talento ímpar para falar da sua temática favorita (vender droga). Quer na lírica, quer na forma como a sua voz soa confiante e poderosa.

Logo a abrir, em “King Push”, ele avisa ”I rap niggas / About trap niggas / I don’t sing hooks”. Sim, mais a frente há muitos que cantam refrões por ele. Não deixa de ser verdade. O que ele faz são versos. Insinuantes como o tipo que nos convence a experimentar algo ilícito sussurrando-nos ao ouvido. Furiosos, como o gajo perigoso a quem não queremos estar a dever dinheiro. Cheios de verve e humor nas rimas, e desdém por aqueles que ele diz nada saberem sobre a vida que ele levou (”I sold more dope than I sold records / You niggas sold records you never sold dope”). E, com ou sem refrões, cada canção aqui é deliciosa. “Numbers On The Boards”, com um sample metálico tirado de uma música de Luke Vibert, está ao nível pop de uma “Drop It Like It’s Hot”, de Snoop Dogg. Mas também do espírito de “Wamp Wamp (What It Do)”, dos Clipse. “King Push”, “Hold On”, “Nosetalgia”, “No Regrets”, “Pain”, “S.N.I.T.C.H.” são outros grandes momentos, onde as rimas afiadas como uma espada samurai de Pusha entram em simbiose com os versos e refrões dos companheiros.

Até nos refrões, diga-se, a música nao fica adocicada. O niilismo e a falta de remorsos continuam. Veja-se Chris Brown em “Sweet Serenade”. Ou Kevin Cossom em “No Regrets”. De facto, só a presença, em “Who I Am”, de talentos menores como o ok-em-pequenas-doses 2 Chainz, e sobretudo do trapalhão Big Sean, impede ”My Name Is My Name” de chegar ainda mais longe. Em nada desmerece a herança dos Clipse, e mostra que Pusha T tem tudo o que necessita para ser um nome falado com respeito e admiração. Kendrick Lamar, citando o filme “Boyz N Da Hood”, pergunta ”Do you wanna see a dead body?”. ”My Name Is My Name” é o disco de couraça de quem já viu muitos e sobreviveu. Vale a pena aguentar a pancada!
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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