O mexicano Murcof (que é como quem diz Fernando Corona) e o francês Philippe Petit conheceram-se em diversos palcos ao longo dos últimos anos e devem ter aproveitado essas ocasiões para tirarem as medidas um ao outro. Cautelosamente, com respeito, com olhos de ver. De tal forma que juntaram-se para um disco. E ainda bem que o fizeram.

First chapter parece ser um disco de cedências. Pelo menos no que toca a Murcof. Na essência pode restar alguma coisa da música do mexicano (pelo menos se pensarmos nos primeiros discos de Fernando Corona) mas não se pode dizer o mesmo no que toca à forma: batidas nem vê-las. O que confirma de certa forma a sua tendência no último The Versailles Sessions. De uma forma geral, o caminho neste disco é o do experimentalismo; do modernismo, da música electrónica enquanto palete absolutamente aberta a outras músicas. Fernando Corona nunca andou tão longe da sua zona de conforto.

Das paisagens não raras vezes minimalistas criadas por Fernando Corona e Philippe Petit, surgem vozes líricas recortadas ao prazer de ambos; brotam pianos; nascem cordas. Nascem coisas boas. É uma música estranhamente orgânica, como se nascesse da natureza, declaradamente sombria, inequivocamente bela. Se este é o primeiro capítulo que venham muitos já de seguida. É que apetece dizer que 2013 passa obrigatoriamente por aqui.