DISCOS
Edoheart
Sosomoneycockplease EP
· 30 Set 2013 · 18:12 ·
Edoheart
Sosomoneycockplease EP
2013
Akwaaba Music


Sítios oficiais:
- Edoheart
- Akwaaba Music
Edoheart
Sosomoneycockplease EP
2013
Akwaaba Music


Sítios oficiais:
- Edoheart
- Akwaaba Music
Uma prenda inesperada, perfeita para (fazer) dançar.
Quando chegam coisas boas por email – e falo de coisas mesmo boas e não da receita para aumentar o tamanho do pénis, ou os milhões de dólares de uma princesa nigeriana no exílio - é inevitável não sentir que estou a ser recompensado por uma qualquer ordem kármica. E mesmo que esta coisinha boa tenha até nome de remédio milagroso, o sentimento de recompensa não se esvai. No caso, é Sosomoneycockplease essa coisinha boa.

A palavra pertence à nigeriana Edoheart, e surgiu pela primeira vez em Get as E Be, numa faixa com o mesmo nome, que fala de pobreza e da necessidade de mendigar por dinheiro. Na altura, o EP surgia com a indicação de explorar os campos da leftfield, o que deixava antever, no mínimo, algum risco. Confirmado o risco, que passava principalmente pelo uso de uma voz luxuriante e delirante como elemento rítmico e textural, saudava-se igualmente a volúpia dos ritmos africanos, interpretados de forma cerebral e quase visceral pela própria Edoheart.

Três anos volvidos, a Akwaaba Music pediu a cinco produtores de diferentes países para revisitar e remisturar o icónico Sosomoneycockplease: Aero Manyelo (África do Sul), DJ X-Trio (Angola), Max Le Daron & DJ Mellow (Bélgica), Boddhi Satva (República Centro-Africana) e Mpula (aka Batida, Portugal) foram os responsáveis pela desconstrução. Ouvindo os cinco temas, é notório que a leftfield imprimida originalmente por Edoheart se desvaneceu, abrindo espaço para que as idiossincracias de cada produtor se instalassem confortavelmente sob(re) a composição quebrada da nigeriana.

Estes cinco temas acabam por funcionar assim como uma espécie de retrato musical dos produtores. Deslindam-se as suas raízes, os seus apetites e preferências na forma de fazer dançar e, acima de tudo, a forma como a música electrónica é um terreno cada vez mais fértil para a exploração e para o derrube de fronteiras físicas e imaginárias.
António M. Silva
ant.matos.silva@gmail.com

Parceiros