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Melt Yourself Down
Melt Yourself Down
· 03 Jul 2013 · 17:56 ·
Melt Yourself Down
Melt Yourself Down
2013
Leaf


Sítios oficiais:
- Melt Yourself Down
- Leaf
Melt Yourself Down
Melt Yourself Down
2013
Leaf


Sítios oficiais:
- Melt Yourself Down
- Leaf
Contorçam-se!
O sonho de Martin Luther King era que crianças brancas e crianças negras pudessem brincar alegremente juntas, sem que o fantasma terrível da discriminação e do ódio racial pesasse sobre elas - que as crianças pudessem portanto ser crianças, ou, de modo mais abrangente, que os humanos pudessem ser humanos, pudessem ser essa comunidade fraterna que linhas geográficas invisíveis separaram, atribuindo posteriormente uma conotação negativa à palavra "diferença". Eis os Melt Yourself Down: um grupo mais do que humano e mais do que fraterno, um melting pot de diferenças que faz do seu disco de estreia um dos melhores argumentos a favor do multiculturalismo - abstenham-se, conservadores receosos, que aqui ama-se demasiado a vida.

E o que é Melt Yourself Down, musicalmente falando? Uma viagem pelos trilhos do jazz norte-americano, do punk europeu, do maravilhoso ritmo africano que bate como um coração e envia o sangue a todas as partes do corpo, que da letargia passam ao entusiasmo. Tudo sobre a batuta de Pete Wareham, que já havia sido grande na sua ex-banda (Acoustic Ladyland) e mantém esse estatuto na companhia de gente oriunda dos Transglobal Underground e dos Zun Zun Egui. Melt Yourself Down é música de festa, psicadelismo jazz-punk-afrobeat e outros epítetos desinteressantes que apenas escondem o que é suposto que estes trinta e cinco minutos façam: entregar o corpo e a alma à música que é Deus ou vice-versa, dependendo das crenças de cada qual.

Ao mesmo tempo que outras bandas por esse mundo fora procuram esse dom xamânico com melhores ou piores resultados (ou: os Goat não são assim tão bons e vocês são todos uns idiotas), Melt Yourself Down provoca-nos acima de tudo uma reacção, sendo que a principal é levar-nos a esquecer que, um dia, algum imbecil dividiu o planeta em pedaços e ignorou que todos partilhamos o mesmo sangue. Adjectivos como "feérico" ou "extraordinário" adequam-se bem a este disco; a pujança electrónica/jazz de "Fix My Life" é quase como maná após a desilusão que foram os Shining em 2013; a influência notória de James Chance é renegada para segundo plano porque seria uma injustiça para com este sexteto. Ainda assim: contort yourselves! É esta música e estes ritmos que o pedem.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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