DISCOS
V/A
Matarroeses
· 28 Dez 2003 · 08:00 ·
V/A
Matarroeses
2003
Matarroa


Sítios oficiais:
- Matarroa
V/A
Matarroeses
2003
Matarroa


Sítios oficiais:
- Matarroa
Sabe-se que quando o desafogo não existe, obrigando a uma gestão de recursos norteada pelo compromisso, há apostas que têm de ficar na gaveta. Não há um mercado de singles na música portuguesa minimamente relevante e significativo, por exemplo.
A Matarroa não destoa num cenário que, a despeito de todo o entusiasmo, devoção e assimilação cultural que inspira, não mata a fome a ninguém. A cultura hip-hop está na moda, é vista do exterior de uma forma algo diferente de um passado não muito remoto, mas, na hora da verdade – ou na caixa registadora -, esconde-se, evapora. Um mal de toda a indústria discográfica portuguesa, infelizmente.

Se pegarmos em Matarroeses na ânsia da descoberta de uma justificação para o desenvolvimento pujante que o género tem demonstrado, traduzida em criatividade efervescente... desilusão. Uma mão cheia de projectos, alguns dos quais captados entre as maquetas recebidas na Matarroa, passaram na triagem assinando o seu nome na primeira compilação da editora, mas qualquer um deles está longe de impressionar: poucas ideias novas, abuso dos chavões habituais e raros rasgos de inspiração não elevam a fasquia para acima do “agradável”, e apenas em casos pontuais.

Na outra mão temos o contributo dos veteranos, e por aí Matarroeses vale a pena. Vale a pena pelas divagações de Bezegol, trilhando cursos na direcção de sonoridades reggae, pela faixa de VRZ (primeiro artista editado pela Matarroa, em disco com Infamous), pelas músicas dos MatoZoo (cujo registo está prestes a ver a luz do dia) e por uma mais que agressiva batalha Yoko-Zoona vs. Inspector Mórbido (não mais que Martinêz vs. Fuse). Tudo exemplos do quanto é pena não ser possível a aposta no formato single, sob o qual um punhado de faixas de Matarroeses veria justiça ser-lhe muito mais bem feita.

Dentro de meios em polvorosa, o risco está inerente a toda e qualquer aposta. Matarroeses não esconde que o génio não aparece ao virar de qualquer esquina, e que Roma e Pavia não se fizeram num dia...
Carlos Costa

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