Apesar de virem descritos na Wikipedia como sendo uma banda punk-rock, a verdade é que não basta medir o disco de estreia dos Parquet Courts pelo facto de conter 15 músicas em pouco mais de 33 minutos. Não existem aqui propriamente descendências dos Dead Kennedys ou dos Circle Jerks. O nome que passará muitas vezes pela cabeça das várias gerações será o dos Pavement. Sobretudo a fase que vai de ”Slanted And Enchanted” a “Crooked Rain Crooked Rain”, passando por ”Westing (By Musket And Sextant)”. `Não o suficiente para que podemos denunciar os Parquet Courts como copiadores, mas o suficiente para nos apercebermos de como a banda de Stephen Malkmus vai percorrendo beneficamente a imaginação de bandas como estes Brooklynistas.

E onde estão as semelhanças com os Pavement? Entra-se logo em “Master Of My Craft”, e, salvo as guitarras chocalhadas nervosamente à la The Strokes, a voz de Andrew Savage tem aquele tom slacker meio falado sem perder o sentido melódico que apenas pode significar uma coisa. As letras não têm o nonsense-não-nonsense de uma “Summer Babe” ou “Zurich Is Stained”. Têm, ainda assim, um sentido de humor e mordacidade peculiares(”People die I don't care, you should see the wall of ambivalence I'm building - “Master Of My Craft”), ou o eterno debate entre acção e preguiça (”I was up to my neck in motivation neglect, when I felt soft waves of purpose crashing onto the surface” - “Borrowed Time”). “Stoned And Starving”, a música mais comprida (mais de 5 minutos) de ”Light Up Gold” é também a melhor de todas. Pavement com secão rítmica em modo motorika, com um óptimo gancho melódico, e frases como ”I was debating swedish fish, roasted peanuts or licorice”. Outras, como “Careers In Combat” ou o “Light Up Gold II” não chegam aos 2 minutos, sem com isso deixarem de ser fortemente orelhudas.

Andrew Savage e Austin Brown não são Tom Verlaine e Richard Lloyd (Television), apesar de semelhanças de estilo nalguns momentos. Nem ”Light Up Gold” chega ao nível de panteão de ”Marquee Moon”. É, no entanto, uma estreia de muita qualidade, onde energia, melodia e um uso sadio da história se combinam, e proporcionam uma boa desculpa para mexer os pés e/ou a cabeça. Agora é ver o que têm no seu futuro. Quem sabe ao próximo disco não possamos exclamar de felicidade: WOWEE ZOWEE!!!