DISCOS
Savages
Silence Yourself
· 21 Jun 2013 · 01:06 ·
Savages
Silence Yourself
2013
Matador


Sítios oficiais:
- Savages
- Matador
Savages
Silence Yourself
2013
Matador


Sítios oficiais:
- Savages
- Matador
É preciso é mais que estilo.
Pós-Punk Annum 2013. Há muito que as resmas de inúteis que apareceram na esteira dos primeiros álbum dos Franz Ferdinand e do Interpol retornaram ao caixote de lixo de onde nunca deviam ter saído. O som pós-punk é agora uma marca registada. As Savages tocam pós-punk. Não sei se deram entrevistas a negá-lo, nem me interessa. Silence Yourself é assim um disco que deve ser examinado à luz do seu interesse dentro do campo a que se restringe. Um pouco como se faz com um songwriter folk, ou um disco dos Yo La Tengo.
 
Quarteto liderado pela francesa Camille “Jehnny Beth” Berthomier, as Savages têm tudo para ser uma banda fantástica. Uma vocalista endiabrada, capaz de paroxismos ao microfone ao estilo de Ian Curtis (as letras são outra coisa, obviamente), e um acompanhamento tripartido de guitarra, baixo e bateria nervoso, intenso, trepanador, serrilhado. Diz quem as viu ao vivo que é lá que demonstram realmente até onde podem chegar. Ouvindo as canções de Silence Yourself, não há razões para duvidar. “No Face”, “She Will”, “City’s Full” e a soberba “Husbands” têm tudo o que é preciso, quando aditivadas por um pouco de carisma e movimento em palco, para pôr uma plateia aos pulos. Ou uma discoteca indie a dançar. Só que, voltando a “No Face”, esta é apenas um exemplo de uma música que, em termos de escrita e arranjos, não pertence a uma divisão de elite. E, infelizmente, não é a única.
 
Não se julgue que se trata de músicas más. Silence Yourself não as tem. E além das exalações cospe-sangue de “Husbands”, tem na cavernosa “Waiting For A Sign”, ou nos neons a 100 à hora de “City’s Full” bons exemplos que podem, e devem, ser seguidos no futuro. O que se passa é que as Savages, ao não se distanciarem dos predecessores, trazem o seu próprio termo de comparação para cima da mesa. Ainda faltam alguns passos para que as Savages sejam uma banda só comparável com as Savages, e com nada senão grandes canções. Em suma, falta rebentar a bolha onde se enfiaram.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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