Os Ventura sabem fazer barulho, criar ambiência, e sacar boa electricidade dos instrumentos, o que significa que soam exactamente a milhares de outras bandas dentro do género a que regra geral chamamos pós-hardcore. Ao contrário das igualmente milhares de bandas que fazem indie choninhas, isto não significa logo à partida algo de execrável. Como um relógio suíço, os Ventura colocam tudo no sítio e esperam que o ouvinte - que, claramente, nunca se encontrará farto deste género de música - não reconheça as influências mais marcantes ou faça, talvez, uma comparação com os Cloud Nothings ou os momentos black metal de Mount Eerie.

E é isto o mais que há para dizer sobre Ultima Necat, o seu terceiro disco de originais, três anos depois de We Recruit e sete depois de Pa Capona, o disco de estreia nestas lides. Comparações com estes? Não o faremos, não vale a pena: preferimos a decência do estereótipo e a doce preguiça. Já Ultima Necat não é mau, é certo, mas não salva o mundo, ou, melhor dizendo, não o destrói. Encontram-se aqui os elementos que nos levam a gostar desses milhares de outras bandas. Apenas isso.

"About To Despair", pese o título, ainda nos traz alguma esperança ao início: un petit peu de caos e de pujança (lá está, ao jeito Mount Eerie) antes de "Little Wolf" arrancar com a toada emo oldschool, isto é, Indian Summer e derivados, caindo depois na guitarrada-vertigem enquanto se ouve don't you cry / it will be allright, mas, meus queridos, nós não estávamos tristes, para que é que nos vêm dizer isso?, seguindo-se a aceleração de "Nothing Else Mattered" que já dá para se imaginar um moshpit bonito. Pelo meio existem ainda os onze minutos de "Amputee" para dar alguma força à coisa. Mas repetimos: isto não é mau, só que a capa com macaquinhos dentro de uma sauna é bem melhor que 90% dos riffs que aqui se ouvem. Eh.